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Investigadores chineses descobrem reservatório de água na Lua

Esta era uma notícia ambicionada já que a descoberta de água na Lua poderá revolucionar as futuras missões de exploração da superfície lunar e de outras missões espaciais.


Chineses encontraram água na Lua

Os resultados, apresentados num estudo publicado na segunda-feira na revista Nature Geoscience, foram reunidos por cientistas na China que analisaram as primeiras amostras de solo lunar a serem devolvidas à Terra desde os anos 70. A água estava presa dentro de pequenas esferas de vidro no solo lunar onde ocorrem impactos de meteoritos.

No entanto, esta água da superfície da Lua exibe ciclos diurnos e perda para o espaço, indicando que deve haver uma camada ou reservatório hidratado nas profundezas dos solos lunares para sustentar a retenção, libertação e reposição de água na superfície da Lua.

 

Como são formadas as moléculas de água?

A água, que consiste em moléculas de hidrogénio e oxigénio, fica armazenada nas esferas, que agem como uma esponja para as moléculas. O vento solar é um fluxo de partículas carregadas emitidas da atmosfera do Sol através do sistema solar.

O hidrogénio necessário para produzir as moléculas de água vem dos ventos solares. O oxigénio, por outro lado, compõe quase metade da Lua e está preso dentro de rochas e minerais. Como tal, um calor moderado de cerca de 100 graus Celsius é suficiente para extrair a água das esferas. Assim, segundo o estudo apresentado pela China, um ciclo sustentável da água na Lua pode existir devido à interação dos ventos solares com a superfície lunar.

Estas esferas de vidro coloridas estavam em amostras recolhidas na Lua pela China em 2020. O tamanho destas esferas varia entre a largura de um cabelo até vários cabelos. A quantidade existente nas amostras é apenas uma fração minúscula, conforme explicou Hejiu Hui, da Universidade de Nanjing, que participou na investigação.

Um olhar sobre o estudo

A amostra de solo lunar analisada para este estudo foi recolhida pela missão Chang’e-5 da China, que efetuou uma aterragem suave no canto noroeste da Lua e levou amostras de regolito de volta a casa em 2020.

A partir destas amostras, investigadores de várias instituições na China, incluindo a Universidade de Nanjing e a Academia Chinesa de Ciências, selecionaram manualmente 150 grãos para estudar, variando em tamanho desde cerca de 50 micrómetros – ou a largura de um cabelo humano – até cerca de 1 milímetro.

A teoria proposta por esta última investigação é que estas esferas de vidro, formadas em tempos antigos, podem ser preenchidas com água quando são atingidas por ventos solares, que transportam hidrogénio e oxigénio da atmosfera do Sol através do sistema solar. Estima-se assim que poderá haver mais de 270 biliões de quilos de água armazenados na Lua.

Encontrámos um novo mecanismo que o hidrogénio solar-vento pode difundir nas esferas de vidro e assim identificar um novo reservatório de água na Lua. Por outro lado, as esferas de vidro de impacto são distribuídas no rególito globalmente na Lua. Portanto, os grânulos de vidro de impacto podem ser reabastecidos com água na superfície da Lua e podem sustentar o ciclo lunar da água de superfície.

Referiu Hejiu Hui, um dos coautores do estudo e investigador da Universidade de Nanjing, via e-mail.

O estudo deixa uma nota interessante. Estes grânulos podem ser reabastecidos com água de poucos em poucos anos.

Os resultados baseiam-se na investigação da NASA que sugere que a água está presente no lado iluminado pelo Sol da Lua. Os cientistas têm procurado mais informações sobre como essa água foi armazenada. (Um estudo que foi publicado em 2020 – que se baseou em dados recolhidos pelo Observatório SOFIA ou Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy, da NASA – sugeriu que a água detetada na superfície da lua era armazenada em vidro).

Portanto, estas esferas de vidro formadas pela atividade vulcânica lunar – conhecidas e recolhidas pelos astronautas da Apollo há mais de meio século, poderão também ser aproveitadas para fornecer água não apenas para a utilização por futuras tripulações, mas também como combustível para foguetões.

 

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