A NASA, no passado dia 23 de março, prometeu uma “descoberta excitante” digna de entrar “nos livros de registo”. Não deu muitos detalhes, mas prometeu que “a descoberta do Hubble não só expandirá a nossa compreensão do universo, mas também criará uma área de investigação emocionante para o futuro de Hubble e do recém-lançado telescópio James Webb”. Bem, aqui está a surpresa!
O Hubble acabou de encontrar o sistema solar mais distante e mais antigo até à data.
O Telescópio Espacial Hubble da NASA estabeleceu um novo marco extraordinário: detetar a luz de uma estrela que existiu no primeiro mil milhão de anos após o nascimento do universo no big bang – a estrela individual mais distante já vista até hoje.
A descoberta foi feita a partir de dados recolhidos durante o programa RELICS (Reionization Lensing Cluster Survey) do Hubble, liderado pelo coautor Dan Coe no Space Telescope Science Institute (STScI).
A 12,9 mil milhões de anos-luz de distância…
“Earendel” é uma palavra inglesa antiga que significa “estrela da manhã” ou “luz crescente” e é o nome que a equipa de Brian Welch escolheu para a estrela mais distante que alguma vez conseguimos detetar.
O nome é adequado porque é de facto uma luz crescente: um sistema planetário que surgiu apenas 900 milhões de anos após o Big Bang.
RECORD BROKEN: Hubble observed the farthest individual star ever seen!
This extraordinary new benchmark detected light from a star that existed within the first billion years after the universe’s birth in the big bang.
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— Hubble (@NASAHubble) March 30, 2022
Lente gravitacional… que nos mostra um universo “impossível”
Em grosso modo, a lente gravitacional é formada devido a uma distorção no espaço-tempo causada pela presença de um corpo de grande massa entre um objeto e um observador. Tais “lentes” são formadas quando a luz de objetos distantes e brilhantes se dobram em torno de um objeto maciço (mais tipicamente uma galáxia, daí o nome galáxia) entre o objeto emissor e recetor (e é amplificado).
Desta forma, ao varrer bem o céu, podemos ver coisas distantes que estão por detrás de objetos relativamente mais próximos.
Portanto, utilizando este fenómeno e graças ao Hubble, os investigadores identificaram uma estrela (sistema de uma ou duas estrelas) com uma massa estimada de cerca de 50 vezes a do Sol. A descoberta é excecional porque o “redshift” é 6.2.
O Redshift” (desvio para o vermelho) é o efeito que nos permite inferir a distância dos objetos astronómicos. Quanto mais alto o número, mais longe. Observações prévias de estrelas individuais mais distantes tiveram redshifts de 1,5 no máximo.
Uma estrela antiga… muito antiga!
É verdade que os detalhes precisos da temperatura, massa e propriedades espectrais da estrela permanecem desconhecidos, mas a descoberta materializa algo que só podemos adivinhar até agora.
Assim, a bola está do lado do mais recente telescópio, o James Webb. Este incrível equipamento, que custou 10 mil milhões de dólares, tem o poder de mudar para sempre a forma como entendemos a ciência planetária.
Com o Webb, esperamos confirmar que Earendel é de facto uma estrela, além de medir o seu brilho e temperatura. Também esperamos descobrir que a galáxia Sunrise Arc está carente de elementos pesados que se formam nas gerações subsequentes de estrelas. Isso sugere que Earendel é uma estrela rara e massiva, pobre em metal.
Estes detalhes restringirão o seu tipo e estágio no ciclo de vida estelar.
Explicou Coe.