Foi um transplante histórico e, na altura, um sucesso. No entanto, o americano David Bennet, que recebeu um coração de porco geneticamente modificado, morreu agora, dois meses depois.
O hospital de Maryland, que acolheu a cirurgia pioneira, anunciou hoje o óbito.
David Bennet, de 57 anos, morreu ontem no University of Maryland Medical Center. Os médicos não especificaram a causa da morte, tendo apenas informado que o estado do paciente havia começado a deteriorar-se há alguns dias.
O americano tornou-se na primeira pessoa a receber um coração de porco geneticamente modificado, quando, em dezembro, deu entrada no hospital com uma arritmia que ameaçava matá-lo. A solução foi pioneira e garantiu-lhe mais dois meses de vida.
O filho de David Bennet, David Bennett Jr., elogiou o hospital e agradeceu pela experiência, uma vez que a família espera que esta possa ajudar relativamente à problemática de escassez de órgãos.
Estamos gratos por cada momento inovador, cada sonho louco, cada noite de insónia que se passou neste esforço histórico. Esperamos que esta história possa ser o princípio da esperança e não o fim.
Disse o filho de David Bennet, numa declaração divulgada pelo hospital.
Uma tentativa de transplante que poderá potencializar tantas outras
Após a operação, que aconteceu no início do mês de janeiro, David Bennet Jr. disse à Associated Press que o pai estava completamente ciente de que o transplante poderia não funcionar. Afinal, as tentativas anteriores levadas a cabo pelos cirurgiões falharam, tendo grande parte dos pacientes rejeitado rapidamente o órgão do animal.
Desta vez, os médicos utilizaram um coração de porco geneticamente modificado, tendo removido os genes do animal que desencadeavam a rejeição rápida pelos humanos, e substituído esses por genes humanos, para ajudar o corpo a aceitar o órgão.
O hospital de Maryland emitiu atualizações periódicas acerca do estado de saúde de Bennet e, inicialmente, o paciente parecia estar a aceitar o coração de porco. De facto, Bennet sobreviveu significativamente mais tempo do que um dos primeiros pacientes a ser submetido a um xenotransplante – uma criança que viveu 21 dias com um coração de babuíno, em 1984.
Estamos devastados com a perda do Sr. Bennett. Ele provou ser um paciente corajoso e nobre que lutou até ao fim.
Lamentou Bartley Griffith, um dos cirurgiões, numa declaração.
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