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Estirpe do novo coronavírus do ocidente é mais perigosa do que a original

Os números não dão margem para dúvidas e as mais de 500 mil mortes pela COVID-19 mostram que a luta está longe de abrandar. Aliás, as análises revelam agora que o vírus SARS-CoV-2 passou por mutações em relação ao primeiro identificado em Wuhan, na China, em dezembro do ano passado. Segundo o que foi descoberto, as novas estirpes dão conta que o vírus ganhou força e está mais eficiente.

O artigo publicado por grupo de investigadores do Scripps Research Institute, descreve que a mutação sofrida pelo SARS-CoV-2, a estirpe dominante no Ocidente (G614), é 10 vezes mais infecciosa do que a original.


Ocidente tem estirpe do coronavírus muito mais agressiva

Os números nesta parte do globo não estão a melhorar. Se há países, como a Itália, Espanha ou França, a controlar com muita dificuldade os contágios e as mortes, há no continente americano (e não só) situações totalmente fora de controlo.

Conforme foi dado a conhecer em abril, um estudo encontrou 33 mutações no agente patogénico SARS-Cov-2, sugerindo que estava a sofrer mutações rapidamente. Acreditava-se que o vírus poderia aumentar a sua infecciosidade, dada a mutação correta.

Agora, uma investigação publicada na BioRxiv sugere que a estirpe com que estamos atualmente a lidar não só está fortemente mutada, como muito mais infecciosa.

 

Nova estirpe do coronavírus pode ser 10 vezes mais infecciosa

As mutações de vírus, semelhantes a qualquer outro organismo, acontecem através de eventos aleatórios que podem ter vários efeitos. Na maioria das vezes, as mutações passam despercebidas ou são mesmo más para a sobrevivência do organismo.

Uma equipa do Scripps Research Institute descobriu que as mutações na estirpe SRA-Cov-2 que é dominante no Ocidente, chamada G614, permitiu-lhe multiplicar-se mais e transmitir de forma mais eficiente a outros hospedeiros. Estas mutações parecem compensar uma fraqueza anterior que a estirpe original (D614) tinha, na qual a estrutura no exterior do vírus, chamada “proteína da espícula” (ou spike), partiria-se quando se ligasse às células das vias respiratórias humanas, impedindo-a de continuar a ser infecciosa.

A proteína spike do novo cornavírus está envolvida na ligação da célula do vírus às células do hospedeiro. Então, neste processo o vírus pode desenvolver a atividade de infetar e multiplicar-se, para depois contagiar um novo hospedeiro. Se a nova estirpe tiver uma mutação que a ajude a reter a proteína spike, ela pode multiplicar-se e infetar novos hospedeiros a uma taxa aumentada. Os investigadores acreditam que a estirpe da mutação G614 tem uma “proteína da espícula” (spike) mais estável do que a D614, o que pode explicar porque é tão dominante.

Como resultado, os investigadores acreditam que a nova estirpe é cerca de 10 vezes mais infecciosa do que antes. Surpreendentemente, o aumento da infecciosidade não quer dizer que há um aumento da gravidade da doença. Apesar de um aumento da transmissão, os doentes infetados com a estirpe G614 não foram infetados mais severamente do que aqueles com a estirpe D614.

 

Não há razões para pânico

Todos estes estudos ainda são preliminares e carecem de muito mais investigação. Aliás, ainda se sabe muito pouco de um vírus que apareceu há pouco mais de meio ano e de uma doença que tem já muitos tratamento e vacinas em testes.

No entanto, alguns acreditam que as mutações do coronavírus podem acrescentar vários desafios à criação de uma vacina. Isto porque as mutações podem mudar a eficácia com que as nossas células imunitárias podem reconhecer a infeção. No entanto, como se sabe, este é o problema das vacinas contra a gripe sazonal (gripe), uma vez que a hipermutação das proteínas de superfície do vírus permite-lhe escapar aos anticorpos da vacina.

Contudo, os cientistas não acreditam que este seja o caso do coronavírus. Aliás, os resultados positivos provenientes de ensaios em fase inicial da vacina Pfizer e de outros, parece confirmar isso mesmo.

 

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