Marte ainda é um planeta desconhecido, misterioso, vítima de muitas fantasias e enigmas. Contudo, ao longo destas últimas décadas, os robôs que vagueiam pelo solo e as naves que passaram na órbita do planeta vermelho, conseguiram muitas imagens incríveis. Claro, há fotografias que não deixaram ninguém indiferente, como, por exemplo, uma captada no dia 7 de maio, que nos mostra uma “porta”.
Tem aspeto de porta, dimensões de porta, portanto… será mesmo uma porta?
Podemos deixar-nos levar pela imaginação e extrapolar que finalmente foi captada a prova que no planeta Marte existe uma civilização inteligente de marcianos. Bom, esta é uma das abordagens que levou já milhares de pessoas a ter nos mais convencionais locais de debate.
Calma, a verdade é que esta não é a primeira vez que vemos algo assim e, infelizmente, é altamente improvável que esta porta seja a entrada para um rústico santuário marciano.
Uma porta que não é uma porta
O epicentro do debate está na rede social Reddit. Lá, os utilizadores apresentam todo o tipo de teorias para explicar esta imagem enigmática, que pode ser vista por qualquer pessoa na plataforma de imagem panorâmica GigaPan. As ideias mais extremas falam de vida extraterrestre, enquanto as mais razoáveis argumentam que a “porta marciana” é o produto da atividade geológica.
A NASA, a agência espacial por detrás da missão Mars Curiosity Rover, não se pronunciou sobre este assunto. Contudo, há pelo menos duas explicações possíveis para esta imagem enigmática. Uma delas é que a “porta” poderia ter sido formada por uma fratura de cisalhamento, produzida pelo efeito do stress sobre a rocha após um terramoto.
Como temos visto, os sismos são bastante comuns em Marte e um exemplo disso aconteceu no passado dia 4 de maio. Foi captado o maior terramoto de que há registo no planeta. De acordo com dados da plataforma InSight Mars da NASA, o movimento foi considerável para o planeta vermelho, embora na Terra teria sido de magnitude intermédia.
Outra explicação, que complementa a anterior, é a paridolia. Este é um fenómeno psicológico descrito por Jeff Hawkins na sua teoria de previsão da memória, onde uma imagem aleatória é erroneamente percebida como uma forma reconhecível.
Lembra-se da misteriosa cabana detetada pelo rover Yutu-2 chinês na Lua? Bem, não era uma cabana, mas sim uma pequena rocha. Isto significa que se nos deixarmos levar pelo que pensamos ver, acabamos por ver objetos onde não há nenhum. Em qualquer caso, desde que o rover Curiosity aterrou em Marte em 2012, tem feito um trabalho espetacular.
Este caríssimo equipamento humano já permitiu descobrir que as nuvens do planeta são cinzentas, brilhantes e surpreendentemente semelhantes às nossas. Também nos divertimos com as suas selfies, e até conseguimos construir um panorama interativo para explorar a superfície.