Desde há alguns anos que o campo magnético da Terra tem intrigado os investigadores. Há alterações em que se desconhece o motivo, apesar das pistas recolhidas em vários momentos da vida do planeta. Agora, uma equipa de cientistas analisou um fluxo antigo de lava no leste da Escócia para estudar o campo magnético.
As descobertas do trabalho de investigadores da Universidade de Liverpool fornecem mais evidências de que existe um ciclo de aproximadamente 200 milhões de anos na força do campo magnético da Terra.
As alterações no campo magnético são cíclicas
Os cientistas realizaram análises paleomagnéticas térmicas e de micro-ondas (uma técnica exclusiva da Universidade de Liverpool) em amostras de rochas de antigos fluxos de lava no leste da Escócia para medir a força do campo geomagnético durante períodos-chave com quase nenhum dado pré-existente e confiável.
O estudo também analisou a confiabilidade de todas as medições de amostras de 200 a 500 milhões de anos atrás, recolhidas nos últimos 80 anos.
Segundo as descobertas, entre 332 e 416 milhões de anos atrás, a força do campo geomagnético preservado nessas rochas era inferior a um quarto do que é hoje, e semelhante a um período previamente identificado de baixa intensidade do campo magnético, que começou por volta de 120 milhões de anos.
Os investigadores cunharam este período como “o Dipolo Médio Paleozóico” (MPDL).
Campo magnético da Terra enfraquece a cada 200 milhões de anos
Publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo apoia a teoria de que a força do campo magnético da Terra é cíclica e enfraquece a cada 200 milhões de anos.
Aliás, esta linha de investigação começou a ser seguida desde 2012. Contudo, uma das limitações na época era a falta de dados confiáveis sobre a força de campo disponíveis antes de 300 milhões de anos.
Então, este novo estudo preenche uma lacuna de tempo importante.
O campo magnético da Terra protege o planeta de enormes explosões de radiação solar mortal. Não é completamente estável em força e direção, tanto no tempo quanto no espaço, e tem a capacidade de se virar completamente ou se inverter com implicações substanciais.
Os ciclos poderão interferir com a vida humano no planeta?
Sem dúvida. Decifrar variações na intensidade do campo geomagnético do passado é importante, pois indica mudanças nos processos profundos da Terra ao longo de centenas de milhões de anos e pode fornecer pistas sobre como o campo pode flutuar ou inverter no futuro.
Um campo fraco também tem implicações para a vida no nosso planeta. Um estudo recente sugeriu que a extinção em massa Devoniano–Carbonífera está ligada a níveis elevados de UV-B, quase o mesmo que as medições de campo mais fracas do MPDL.
A paleomagnetista de Liverpool e autora principal do artigo, Dra. Louise Hawkins, disse:
Esta análise magnética abrangente dos fluxos de lava de Strathmore e Kinghorn foi a chave para preencher o período que antecedeu o Kiman Superchron, um período em que os polos geomagnéticos são estáveis e não se viram durante cerca de 50 milhões de anos.
Estas informações poderão ajudar os investigadores a perceber melhor os ciclos do campo magnético da Terra. Até porque nos últimos anos, apareceram indícios que este “escudo” do planeta poderá estar a mudar, a inverter-se e poderá haver implicações na vida humana.
Portanto, quais serão essas implicações? É uma resposta que ainda se procura.