A diabetes é uma condição que afeta milhões de pessoas pelo mundo todo. Para esses, as injeções de insulina são uma constante realidade e, provavelmente, um incómodo. Nesse sentido, uma equipa de investigadores desenvolveu um comprimido oral de insulina.
Quando os níveis de glicose estiverem elevados, o comprimido liberta automaticamente a quantidade de insulina necessária para estabilizar o sistema.
Diabetes mais presentes do que pensamos
Segundo a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, em 2019, 40% da população portuguesa tinha diabetes ou pré-diabetes. No mundo, contam-se milhões de outras.
Esta condição crónica ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente ou não consegue fazer o seu uso correto. Por sua vez, esta é uma hormona produzida no pâncreas que movimenta a glicose (açúcar) do sangue para as células do corpo, sendo utilizada para produzir energia.
Ora, quando está em falta ou não cumpre o seu papel, os níveis de glicose no sangue sobem. Nesse sentido, aqueles que são diagnosticados com a diabetes devem controlar esses níveis através de injeções de insulina.
Essas injeções constantes são um óbvio incómodo e, por isso, um grupo de investigadores pensou numa solução mais prática e menos dolorosa.
Um comprimido que substitui a injeção de insulina
Um grupo de investigadores da Universidade de Abu Dhabi de Nova Iorque desenvolveu um novo método para acondicionar insulina em cápsulas, de forma a que sobreviva à viagem até à corrente sanguínea. Este comprimido só liberta a carga de insulina quando ela é efetivamente necessária.
A equipa criou aquilo a que chama nanopartículas de estrutura orgânica gastro-resistente imino-covalente (nCOFs). Estas cápsulas carregam a insulina entre folhas microscópicas, protegendo-a do ambiente agressivo do estômago. Posteriormente, entram na corrente sanguínea através da parede intestinal.
Uma vez no sangue, as nCOFs podem monitorizar automaticamente os níveis de insulina do paciente e libertá-la apenas quando é necessária.
Esta tecnologia responde rapidamente a uma elevação do açúcar no sangue, mas desligar-se-ia prontamente para prevenir uma overdose de insulina e melhoraria dramaticamente o bem-estar dos pacientes diabéticos.
Disse Farah Benyettou, autor principal do estudo.
O mecanismo por trás desta novidade aproveita o facto de a glicose ser uma molécula pequena a ponto de caber nos poros da nCOF. Assim sendo, à medida que os níveis aumentam, será forçada a entrar nas nanopartículas, libertando a insulina.
Embora os testes realizados em ratos diabéticos tenham revelado que o comprimido normalizou os níveis de glicose no sangue em duas horas, é ainda necessário muito trabalho para perceber os benefícios em humanos.
Este estudo promissor foi publicado na revista Chemical Science.