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Cientistas descobrem que molécula é usada pelo Coronavírus para atacar as células

O mundo está a atravessar uma pandemia causada pelo novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2. Este vírus, que não é de uma família desconhecida, bem pelo contrário, surpreendeu a humanidade pela sua elevada capacidade de contágio. Contudo, graças ao trabalho incansável dos investigadores, a sequência genética deste patogénico é conhecida quase desde o início da epidemia. Como tal, atualmente há dezenas de tratamentos e mais de 40 candidatos a vacinas em produção. A COVID-19 já matou no mundo mais de 43 mil pessoas.

Esta semana foi dado um novo e importante passo. Provavelmente foi descoberta a forma como atacar este terrível vírus.


Descoberta Proteína S que é importante no contágio do novo Coronavírus

Conforme foi dado a conhecer, esta semana, os investigadores conseguiram revelar a estrutura da proteína S. Esta é uma molécula complexa localizada no exterior de vírus. Esta molécula tem a particularidade de se ligar aos recetores das células humanas para entrar e assim conseguir infeta-las.

Este avanço é fundamental para identificar novas formas de atacar o vírus e até mesmo preparar metodologias para as suas futuras mutações.

Os investigadores têm recorrido a uma técnica amplamente utilizada em laboratórios, a cristalografia por raios-X. Isto é baseado na obtenção de cristais de proteínas para estudar a sua aparência. A razão é que as proteínas, longas cadeias de aminoácidos, dobram de uma forma ou de outra dependendo das condições do ambiente e da sua sequência. Assim, estas podem mostrar algumas áreas para o exterior e ocultar outras, o que influencia muito diretamente a sua função.

 

O vírus e a célula humana “apertam as mãos”.

Nesta ocasião, cientistas da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, concentraram-se na obtenção do mapa 3D da proteína S, em cuja estrutura existe uma pequena área à qual se liga uma proteína humana, chamada ACE-2. Quando isto acontece, e ambas as proteínas “se juntam”, a célula abre a porta da sua membrana celular e permite o acesso ao vírus, que começa a replicar-se e a causar danos que podem levar uma pessoa a sofrer de pneumonia.

Assim, pode-se dizer que a proteína S atua como uma espécie de cavalo de Troia que “faz a guarda abrir a porta do castelo”.

Ao analisar a estrutura e sequência da proteína S em detalhe, os cientistas descobriram qual pode ser uma das razões pelas quais o vírus é tão contagioso, ou seja, porque poucos vírus são suficientes para iniciar o seu ciclo de infeção.

Em comparação com o vírus que causou a epidemia de 2002-2003 (anteriormente conhecido como SARS), o novo coronavírus mudou as suas estratégias de ligação ao hospedeiro humano através de uma ligação mais próxima. Esta estreita ligação pode ajudar o vírus a infetar células humanas e a espalhar-se entre as pessoas.

Explicou Fang Li, codiretor da investigação ao The Guardian.

 

Conhecer o inimigo, ajuda a criar armas mais eficazes

Os cientistas ao conhecerem a estrutura podem assim estudar quais os compostos que funcionarão como antivirais, e bloquear, da forma mais eficaz, o reconhecimento entre o vírus e a célula atacada. Nesse sentido, com esta informação era mais uma porta aberta para a criação de uma vacina para prevenir infeções.

No estudo, os autores também compararam a estrutura da proteína SARS-CoV-2 S com a de outros coronavírus presentes em pangolins e morcegos, hospedeiros em que se acredita que este vírus tenha evoluído antes de ter começado a infetar humanos.

Como resultado, a investigação descobriu que uma região da proteína S do terrível coronavírus é muito mais compacta que a dos seus predecessores, aumentando a força da sua ligação à proteína ACES-2 e provavelmente a velocidade de transmissão do vírus.

Vídeo a seguir mostra informação de como, provavelmente, o contágio passou no animal para o ser humano:

Sintoma de constipação que se confundem com a COVID-2

Conforme foi explicado por Jonathan Balll, virologista da Universidade de Nottingham, Reino Unido, estas alterações na proteína S podem também ser a explicação para o elevado poder infeccioso do vírus por outra razão:

O SARS-CoV-2 infeta efetivamente a garganta e o nariz, causando sintomas moderados de constipação, enquanto que a SRA (o vírus que causou a epidemia em 2002 e 2003) quase sempre se replicou na região inferior.

Este estudo fornece uma possível razão para esta diferença: a proteína de superfície do SARS-CoV-2 é capaz de se ligar mais eficazmente à proteína ACE-2 (…). Esta melhoria pode ser o que permite que o vírus infete o nariz e a garganta mais eficazmente, uma vez que se acredita que os níveis de ACE-2 são mais baixos nestas áreas.

Concluiu Jonathan Ball.

Assim, tal como é referido pelo virologista, o estudo foi realizado com fragmentos inertes dos recetores do vírus e células humanas. Nesse sentido, alertou, serão necessários mais estudos para descobrir como a estrutura da proteína S realmente afeta a dinâmica da infeção.

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