Desde há vários anos que se teoriza sobre uma “força oculta” responsável por certas órbitas estranhas de objetos distantes no sistema solar. Muitas tentativas de explicação apontam para a presença de um planeta ainda desconhecido, um tal de planeta nove que dizem ser gigantesco, cinco vezes o tamanho da Terra. Contudo, poderá ser também um buraco negro do tamanho de uma maçã.
Agora, depois de tantos anos sem uma explicação cabal, os astrónomos querem saber de uma vez por todas, se haverá um nono planeta à espreita para além da órbita de Neptuno.
Afinal, há ou não o planeta nove?
Os astrónomos têm observado estranhos padrões gravitacionais de um grupo de corpos conhecidos como “objetos transneptunianos“, ou TNOs. Tais comportamentos poderiam ser explicados pela presença maciça do nono planeta no nosso sistema solar.
Tem sido um tema polémico, com alguns a anotarem o comportamento estranho das TNOs como sendo causado por um aglomerado de rochas espaciais muito mais pequenas. Contudo, outros preveem que tal planeta seria cinco vezes a massa da Terra, orbitando a nossa estrela a cerca de 400 vezes a distância da Terra ao Sol.
Finalmente, há a possibilidade de que o Planeta Nove seja na realidade um pequeno buraco negro deixado pelo Big Bang. Tão pequeno, de facto, que medirá apenas cerca de cinco centímetros de diâmetro – basicamente impossível de ver com qualquer tipo de telescópio.
Tem havido muita especulação sobre explicações alternativas para as órbitas anómalas observadas no sistema solar exterior. Uma das ideias apresentadas foi a possibilidade de o Planeta Nove poder ser um buraco negro do tamanho de uma toranja com uma massa cinco a 10 vezes maior do que a da Terra.
Explicou Amir Siraj, estudante universitário de Harvard, numa declaração.
Resolver o enigma de uma vez por todas
Numa nova publicação no The Astrophysical Journal Letters, uma equipa de astrónomos da Universidade de Harvard delineou um método recentemente desenvolvido que poderia, assim o esperamos, responder a esta questão de uma vez por todas.
O seu plano é procurar as chamas de acreção emitidas enquanto o minúsculo buraco negro devora a matéria que o envolve. Se encontrarem algumas, isso significaria que o Planeta Nove era, na realidade, um buraco negro.
Nas proximidades de um buraco negro, pequenos corpos que se aproximam dele derreterão como resultado do aquecimento do fundo da acumulação de gás do meio interestelar para o buraco negro.
Disse Siraj.
Mais buraco negro e menos Planeta Nove?
Os especialistas explicaram que, os buracos negros são intrinsecamente escuros, a radiação que a matéria emite a caminho da boca do buraco negro é a única forma de iluminar este ambiente escuro. Como tal, a equipa está a apostar na próxima missão Legacy Survey of Space and Time (LSST) que terá lugar no Observatório Vera C. Rubin, no Chile.
Os astrónomos envolvidos na missão esperam responder a questões sobre a natureza da energia e da matéria negra. Além disso, esperam recolher dados sobre a formação e as propriedades dos planetas no nosso sistema solar.
O LSST tem um amplo campo de visão, cobrindo o céu inteiro à procura de erupções transitórias. Outros telescópios são bons a apontar para um alvo conhecido, mas não sabemos exatamente onde procurar o Planeta Nove. Só conhecemos a vasta região em que pode residir.
Referiu Loeb Avi Loeb, professor de ciências de Harvard.
O professor, referiu ainda que a “profundidade sem precedentes” do LSST será capaz de detetar até mesmo o mais pequeno dos sinalizadores. Na verdade, esta não é a única tentativa de desvendar os mistérios por detrás do Planeta Nove. Recentemente, uma equipa diferente de astrónomos anunciou que espera lançar uma frota de milhares de naves “nanoespaciais” para procurar o objeto misterioso.
Infelizmente, esta visão continua a ser um “tiro na Lua”, com estimativas de custos a ultrapassar a marca dos mil milhões de dólares.