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Cometa Interstelar detetado a entrar no Sistema Solar. Será um novo Oumuamua?

A Agência Espacial Europeia (ESA) informou que foi localizado um cometa interestelar com vários quilómetros de diâmetro. Segundo a agência espacial, este corpo celeste terá vindo de outro sistema solar e foi descoberto pelo astrónomo amador ucraniano Gennady Borisov. O Minor Planet Center o nomeou oficialmente o cometa como C/2019 Q4 (Borisov).

Apesar de haver alguma informação relativa a este cometa, os cientistas ainda precisam de confirmar tal descoberta. Assim, a ser verídico o avistamento, este será o segundo objeto interestelar até hoje detetado a passar pelo nosso sistema solar, sendo o primeiro o Oumuamua em 2017.


Será o segundo cometa de fora do nosso sistema solar a passar por cá

Em outubro de 2017, os astrónomos detetaram algo nunca antes visto. Conforme foi descrito, tratava-se de um objeto em forma de charuto com 300 metros de comprimento. Este objeto, além de mudar de sistema solar, também mostrou mudanças na sua aceleração.

Finalmente, e já com o nome de Oumuamua, foi consensual a explicação que este era um cometa interestelar que estava a passar por um processo de libertação de gás que o fazia mudar o movimento. Contudo, o Oumuamua afastou-se e desapareceu da nossa vista.

Os cientistas acreditam que este tipo de visita pode ser repetida. Ocasionalmente, cometas ou asteroides interestelares podem entrar no sistema solar, seguindo órbitas muito diferentes das dos objetos internos. Isso mostra a importância de se ter, no passado dia 30 de agosto, detetado um objeto que poderia ser o segundo visitante interestelar conhecido.

Com base nas observações disponíveis, a órbita deste objeto coincide com uma trajetória hiperbólica, o que indicaria uma origem interestelar.

Referiu em comunicado a União Astronómica Internacional (UAI).

Os dados recolhidos até agora indicam que a órbita do C/2019 Q4 (Borisov) é hiperbólica (muito excêntrica). Mas onde está o interesse disso? Na verdade, isto indica que o objeto vem de fora do sistema solar, já que o resto dos corpos que estão dominados pela gravidade do Sol têm órbitas quase circulares (planetas) ou órbitas elípticas (cometas e asteroides).

 

Oumuamua deu o mote, agora segue-se o Borisov

Após esta descoberta, astrónomos de todo o mundo apontaram os seus telescópios para este objeto. Nesse sentido, irão agora tentar aprender mais sobre a sua natureza e órbita e concluir se ele é realmente um corpo interestelar.

No entanto, as observações foram feitas enquanto o objeto estava perto do horizonte e a posição que o Sol ocupa no céu. São dois fatores que diminuem a precisão das medições (a atmosfera distorce as observações e a luz da estrela satura os instrumentos). Portanto, levará algum tempo para estimar com precisão a trajetória do C/2019 Q4 (Borisov) e fazer mais medições.

Precisamos esperar alguns dias para preencher a atual hipótese de que é interestelar, ou talvez mudar completamente a nossa ideia.

Referiu Marco Micheli,investigador da ESA.

A menos que ocorra um desaparecimento ou desintegração inesperados, este objeto deve ser observável por pelo menos um ano.

Acrescentou IAU.

Se esse corpo for confirmado como interestelar, após a descoberta de Oumuamua em 2017, os cientistas teriam indicações de que essas visitas são mais frequentes do que se pensava anteriormente.

 

Um objeto com vários quilómetros de comprimento

No momento, já se sabe que o C/2019 Q4 é um cometa de vários quilómetros de diâmetro que está ativo. Ou seja, sabe-se que está a libertar gás e poeira devido à sublimação do seu gelo sob o efeito da radiação solar.

De momento, o C/2019 Q4 só pode ser observado durante 20 minutos ao crepúsculo. Contudo, em outubro estará suficientemente longe do Sol para telescópios como o Hubble darem uma vista de olhos. Espera-se que a aproximação ao Sol seja a mais próxima possível em dezembro. Nessa altura estará a uma distância de 300 milhões de quilómetros da estrela, para que seja possível ativar e gerar a cauda e o coma típicos dos cometas.

Este é o primeiro objeto interestelar que pode ser observado agindo como um cometa. Poderia comportar-se como os cometas do nosso Sol, ou não.

Concluiu Michele Bannister, astrónoma da Queen’s University em Belfast (Reino Unido), no The New York Times.

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