Tem sido cada vez mais claro que as temperaturas estão mais quentes, sendo que as próprias estações do ano parecem não existir. Isto deve-se principalmente às alterações climáticas que, além de prejudicarem as temperaturas a que somos submetidos, prejudicam-nos enquanto seres humanos.
Além disso, a irregularidade das temperaturas diárias pode influenciar também a forma como as plantas e os animais lidam com as alterações climáticas e, consequentemente, pode prejudicar o funcionamento dos ecossistemas.
Alterações climáticas alteram temperaturas noturnas
As alterações climáticas têm sido tema e é percetível a razão. Sabemos que as temperaturas estão desreguladas, mas será que sabemos exatamente o que tem advindo disso? Em resposta, além dos profundos impactos nos ecossistemas, as alterações climáticas estão a aumentar, a um ritmo demasiadamente rápido, as temperaturas noturnas.
Conforme um novo estudo publicado na Global Change Biology, estas temperaturas noturnas estão a aumentar de forma mais rápida do que as diurnas, na maioria das áreas terrestres do nosso Planeta. Ademais, estas mudanças podem afetar e influenciar, por exemplo, a dinâmica selvagem e o crescimento de plantas.
Anteriormente, foram já feitas análises que revelaram que o aumento dos gases com efeito de estufa na nossa atmosfera está a fazer com que as temperaturas do dia e da noite sejam disformes. No entanto, este é o primeiro estudo que mostra as reais assimetrias na área terrestre.
A mudança climática já está a estragar tudo. Mas a assimetria de 24 horas está a acrescentar uma dimensão extra de complexidade [para as espécies].
Disse Daniel Cox, ecologista da University of Exeter e principal autor do estudo.
Ecossistemas afetados pelas alterações climáticas
Para compreender um pouco do que está a acontecer, os especialistas realizaram experiências com gafanhotos e aranhas, por exemplo, e mostraram que a hora do dia em que ocorre o aquecimento pode prejudicar o equilíbrio dos ecossistemas.
Aliás, num estudo realizado em 2017, os investigadores descobriram que o aumento do aquecimento diurno levou as aranhas a esconderem-se de dia e os gafanhotos a alimentarem-se, livremente, das plantas, afetando o seu crescimento. Por sua vez, as aranhas caçavam os gafanhotos de forma muito mais feroz, quando anoitecia e as temperaturas aqueciam, reduzindo o número de insetos.
Tendo em conta um ecossistema tão pequeno, não parece problemático. Contudo, é necessário perceber que num ecossistema maior as alterações climáticas impactarão muito mais.
Comportamento das espécies à noite
Apesar de poder ser uma preocupação, a forma como as espécies se comportam à noite não é muito estudada. No entanto, Cox e a sua equipa trabalharam para a perceber. Para isso, mapearam 35 anos de dados sobre as temperaturas, cobertura das nuvens, humidade e precipitação. Depois, observaram e analisaram a forma como as temperaturas máximas diurnas e mínimas noturnas foram mudando ao longo do tempo.
Então, a nível global, perceberam que as noites estão a aquecer mais do que os dias. Conforme referido, esta mudança poderá estar intimamente ligada à alteração de cobertura das nuvens. Em zonas húmidas, este problema parece ser ainda pior, pela evaporação e consequente aumento de nuvens.
Posto isto, Cox pretende aprofundar os estudos sobre a forma como os animais estão a lidar com as alterações climáticas, principalmente à noite.