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Alterações climáticas estão a prejudicar a nossa visibilidade para o espaço

Todo o nosso conhecimento sobre o que nos rodeia espacialmente depende de telescópios. Isto, porque são a única forma de ver o que se passa por lá sem que seja necessária uma deslocação significativa. Para que eles obtenham um bom desempenho e nos mostrem boas imagens, têm de estar reunidas condições.

Aparentemente, não tem sido o caso e a nossa visibilidade para o espaço pode estar comprometida.


Alterações climáticas impactam a eficácia dos telescópios

Quando os equipamentos de alta tecnologia estão a ser concebidos, a temperatura torna-se uma grande preocupação. Aliás, quando esses aparelhos precisam de uma precisão acrescida para registar imagens espaciais, o cuidado é ainda maior.

Isto, porque as condições térmicas do ambiente que envolve os telescópios pode impactar a forma como estes se comportam oticamente. Além disso, é possível que essas condições, quando adversas, embaciem as imagens e as tornem menos claras e fidedignas. Ou seja, alguns telescópios não conseguem lidar com as temperaturas atuais, causadas pelas alterações climáticas.

Conforme revelado por uma investigação que envolveu décadas de observação do Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul, são vários os impactos das alterações climáticas na observação astronómica. Aquele é, como se sabe, o mais avançado observatório astronómico de luz visível do mundo todo.

Um problema que foi piorando à medida que as alterações climáticas se foram acentuando

Assim sendo, o estudo realizado ao longo de várias décadas conseguiu reunir várias razões para que as alterações climáticas estejam a afetar a capacidade de visualizar o espaço. Pese o facto de o telescópio em questão está localizado no deserto do Atacama, no Chile. Ou seja, além da região ter aquecido 1,5º C, nos últimos 40 anos, é o lugar mais seco do mundo. Assim, as alterações climáticas ali registadas vão de encontro às do resto do mundo, sendo a tendência 1º C.

As alterações climáticas estão a afetar e irão afetar cada vez mais as observações astronómicas, particularmente em termos de visão em cúpula, turbulência na camada superficial, vapor de água atmosférico e o efeito halo, espoletado pelo vento.

Disse o investigador principal do estudo, Faustine Cantalloube.

Quando o VLT foi instalado, em 1991, esta questão não era um problema. Todavia, em 2020, com as alterações climáticas, o sistema de arrefecimento pode, de facto, funcionar mal. Isto, porque a temperatura mais elevada pode provocar uma perda de resolução da imagem do telescópio, devido à diferença de temperatura entre a área fora da cúpula e dentro dela, fenómeno conhecido como Dome Seeing.

Além disto, o aumento da temperatura ambiente provocado pelas alterações climáticas torna a atmosfera menos clara. Assim, os astrónomos estão perante uma indefinição das imagens e uma diminuição da capacidade de o telescópio ver à distância.

Conforme explicado pelos autores do estudo, o aumento da precipitação e do movimento das nuvens pode também ter um impacto negativo. Assim que o clima global aquece, o movimento do fluxo e doutros padrões meteorológicos altera-se. Tendo em conta o local onde está localizado, o VLT é também prejudicado pela humidade.

 

 

Mensagem de alerta para ações de consciencialização 

Após exporem todos os problemas e desafios que o telescópio tem enfrentado, os astrónomos sugeriram que as futuras construções telescópicas devem ser planeadas e estudadas. Isto, para que não saiam mais vezes prejudicados pelas alterações climáticas que possam estar por vir.

Ademais, no final do documento sublinham a importância da realização de ações de consciencialização, a fim de promover uma mudança cultural maciça e combater as alterações climáticas.

 

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