A Lua tem água e já várias agências espaciais descobriram indícios dessa realidade. Um relatório publicado no início deste ano, referiu que a sonda chinesa Chang’e-5 alegadamente encontrou água lunar. As regiões polares da Lua poderão conter até 3.500 quilómetros cúbicos de água líquida subsuperficial.
Uma das questões levantadas é a proveniência da água e sabe-se que nem toda a água da Lua vem da sua própria superfície. Alguma desta água terá sido captada a partir da atmosfera da Terra.
Alguma água da Lua retirada na atmosfera da Terra
Segundo novas investigações dos cientistas do Instituto Geofísico da Universidade do Alasca Fairbanks publicadas no mês passado, existirá água lunar extraída da atmosfera da Terra. Esta é uma boa notícia para o projeto Artemis da NASA, a planeada presença humana a longo prazo na Lua, que dependerá fortemente do abastecimento de água da Lua.
Como a equipa Artemis da NASA planeia construir uma base no pólo sul da Lua, os iões de água que tiveram origem há muitos atrás na Terra podem ser utilizados no sistema de suporte de vida dos astronautas.
Disse em declaração o investigador Gunther Kletetschka do Instituto Geofísico UAF.
O investigador e a sua equipa estimaram que as regiões polares da Lua poderão conter até 3.500 quilómetros cúbicos ou mais de água líquida pergelissolo, ou subsuperfície. Estes depósitos, especulam eles, não foram criados localmente, mas sim surgiram de iões que escaparam à atmosfera da Terra.
Os investigadores sugerem que os iões de hidrogénio e oxigénio são depositados na Lua quando esta viaja através da cauda da magnetosfera da Terra.
Estas descobertas são ainda confirmadas por medições recentes de várias agências espaciais – NASA, Agência Espacial Europeia, Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial, e Organização Indiana de Investigação Espacial – que revelaram uma grande quantidade de iões formadores de água presentes durante o trânsito da lua através desta parte da magnetosfera.
Mas de onde veio então toda esta água?
A Lua tem água de várias fontes. Não terá sido só da atmosfera da Terra que o nosso satélite natural acumulou água. Acredita-se que parte desta água tenham sido depositada por asteroides e cometas que colidiram com a Lua durante um período conhecido como Late Heavy Bombardment (numa tradução direta Bombardeamento Pesado Final), há cerca de 3,5 mil milhões de anos.
Além disso, o vento solar é também uma fonte de água na lua, pois transporta iões de oxigénio e hidrogénio, que podem ter sido combinados e depositados como moléculas de água. Independentemente da sua origem, o facto de haver água na lua é uma boa notícia para os exploradores do espaço.
A nossa Lua move-se periodicamente através da cauda magnética da Terra que contém iões terrestres de hidrogénio e oxigénio. Pode ter sido descoberto um possível contraste de densidade que poderia ser consistente com a presença da fase aquática de potencial origem terrestre.
Utilizando novos aspetos de gravidade (descritores) derivados de coeficientes de potencial harmónico do campo de gravidade da Lua, descobrimos anomalias de ângulo de ataque de gravidade que apontam para localizações de fase aquática nas regiões polares da Lua.
A nossa análise sugere que os processos de craterização de impacto foram responsáveis por uma rede específica de poros espaciais que foram subsequentemente enchidos com os volumes de enchimento de fase de água permafrost no subsolo lunar. Neste trabalho, sugerimos a acumulação de até ~ 3000 km3 de fase de água terrestre (fuga atmosférica da Terra) que agora enchem o regolito, parte do qual é distribuído ao longo das zonas de impacto das regiões polares da Lua.
Estes locais únicos servem como locais potenciais de utilização de recursos para futuras explorações de aterragem e habitats (por exemplo, objetivos da missão Artemis da NASA).