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Apple novamente debaixo de fogo por causa do iMessage… agora nos EUA

A Apple não quer que terceiros tenham acesso ao sistema de mensagens, que é transversal ao ecossistema da Apple, o iMessage (Mensagens, em português). A segurança e privacidade invocadas são muito bem vistas pelos seus utilizadores. Contudo, há quem não veja dessa forma e considere que a Apple tem de deixar terceiros, por vezes com métodos duvidosos, terem acesso aos conteúdos privados, como são as mensagens trocadas pelos utilizadores.


Legisladores estão de olho nestes blocos

Nos últimos meses, assistimos a duas tentativas de trazer o iMessage (app Mensagens) para o Android. Ambas foram bem-sucedidas no início, mas um fiasco logo depois, embora por razões muito diferentes.

A primeira foi a Nothing, que se associou à Sunbird para lançar a integração do iMessage nos seus telemóveis utilizando um método altamente questionável. Foi rapidamente cancelado. A outra foi a Beeper, uma aplicação de subscrição mensal que foi rapidamente bloqueada pela Apple. Mais tarde, foi ressuscitada numa fase de testes e tornada gratuita.

Agora, os legisladores norte-americanos estão a considerar este bloqueio como uma abordagem potencialmente anticoncorrencial e já solicitaram uma investigação ao Departamento de Justiça.

Qual a razão de todos quererem acesso ao iMessage da Apple?

O iMessage é um serviço que em Portugal tem alguma expressão, mas pouca, tendo em conta que grande parte dos utilizadores do iPhone usa sistemas de terceiros, como o WhatsApp. Contudo, nos Estados Unidos, onde os SMS eram tradicionalmente ilimitados em qualquer contrato telefónico, a utilização é massiva e com imensas interdependências.

Como no passado as pessoas não tinham problemas com os SMS via iMessage (Mensagens) a dependência é grande e a Apple desenvolveu mesmo vários serviços em volta das mensagens. Por exemplo, incluir o enviar dinheiro via Apple Pay, a gestão remota com acesso aos computadores de terceiros, e a utilização de muitos dos serviços Apple que estão disponíveis através de uma mensagem.

A enorme utilização desta ferramenta nos EUA levou algumas empresas a procurarem formas de contornar a exclusividade deste serviço, que só pode ser utilizado a partir de dispositivos Apple. E a Apple sempre foi inflexível, mantendo esta exclusividade à custa de anular os esforços de terceiros para aceder ao iMessage. Os casos recentes da Sunbird e da Nothing mostram que, se a Apple vacilasse, os utilizadores iriam ser prejudicados, pelas imprudência das empresas em termos de segurança e privacidade.

O importante será a receita ou a segurança dos utilizadores?

A senadora Elizabeth Warren já tinha alertado para este comportamento da Apple, explicando que “os executivos das grandes empresas tecnológicas protegem as suas receitas esmagando os seus concorrentes”. Referindo-se a este caso, questionou porque é que a Apple bloqueia terceiros que permitem aos utilizadores do Android utilizar o iMessage, se as “bolhas verdes” (SMS) são menos seguras [do que as mensagens iMessage].

Agora, mais quatro senadores assinaram uma carta, pedindo uma investigação sobre esta conduta “anticoncorrencial” contra a aplicação Beeper Mini, que trouxe o iMessage para o Android há algumas semanas usando engenharia reversa. O facto de se tratar de legisladores bipartidários reforça a mensagem, como salientou Eric Migicovsky, CEO da Beeper, que se deve recordar como o fundador da Pebble.

Para aumentar o épico, o programador que conseguiu fazer a engenharia reversa do iMessage para o Beeper é James Gill, um estudante de 16 anos. Resta agora saber se a Apple conseguirá realizar o mesmo feito épico para se esquivar a esta ameaça regulamentar, uma vez que anunciou no mês passado que irá integrar o RCS no iMessage, possivelmente a forma mais rápida e menos dolorosa de evitar um mal maior para os seus interesses: os reguladores obrigarem-na a trazer o iMessage para o Android. Algo que, de resto, a Google já pediu à União Europeia para fazer.

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