Análise Valkiria Chronicles Remastered (Playstation 4)
Oito anos depois do seu lançamento para Playstation 3, chega à Playstation 4 a versão remasterizada de Valkyria Chronicles, um RPG (Role Playing Game) táctico passado numa época e num local bastante semelhantes à Europa do início da Segunda Guerra Mundial. Num continente dividido e governado por duas super-potências estala a guerra e compete ao jogador defender um pequeno país neutral, Gallia.
O Pplware alistou-se e partiu para o combate. Estas são as nossas crónicas.
Foi em 2008 que Valkyria Chronicles Remastered chegou pela primeira vez às consolas, nomeadamente à Playstation 3. Em 2014 foi lançada a edição para PC. Em 2016 chega-nos a versão remasterizada para a Playstation 4 deste RPG táctico.
A acção situa-se em Europa, um continente semelhante ao continente Europeu nos anos 30 do século passado. Dividido entre duas super-potências rivais, a East Europan Imperial Alliance e a Atlantic Federation em guerra, Europa passa por momentos muito complicados. Até aí poupada à guerra, existe um pequeno país neutral rico em Ragnite (semelhante ao petróleo e com a mesma finalidade) chamado Gallia. Devido à sua riqueza, Gallia rapidamente se torna um alvo das forças imperiais e é atacada. Compete ao jogador controlar a milícia defensiva deste pequeno país e impedir uma invasão.
O jogador veste a pele de Welkin Gunther, um estudante que, ao regressar à sua vila natal de Bruhl, a encontra em iminente perigo de ser tomada pelas forças inimigas. Aliando-se a Alicia, a comandante da milícia de defesa, Welkin toma parte na protecção de Bruhl e da Gallia contra as forças invasoras.
Este é um jogo baseado em turnos no qual os movimentos do jogador são alternados com os movimentos dos soldados inimigos. Através destas movimentações, podemos posicionar os nossos soldados e/ou disparar sobre os soldados inimigos. Porém, os nossos movimentos têm de ser bem pensados: de cada vez que uma das nossas unidades de move perde pontos e, quando os mesmos terminarem, deixaremos de poder deslocar essa unidade. Ficará, portanto, vulnerável caso se encontre em terreno aberto ou demasiado perto de um inimigo.
Aqui surge a vertente mais táctica do jogo: não só temos de pensar na unidade que estamos actualmente a controlar, mas também considerar como vamos movimentar todas as outras. Muitas vezes há que sacrificar uma ou outra unidade (para além dos nossos personagens principais, as unidades são compostas por outras personagens genéricas) para permitir o avanço de outras.
Acresce a isto, para complicar ainda mais a nossa estratégia, o facto de as batalhas não serem somente contra outros soldados mas também contra tanques, nichos de metralhadoras e outros veículos militares cujo poder destrutivo é considerável. Somos obrigados a ponderar sobre o que fazer, como vamos dispor as nossas unidades no terreno e sobre a melhor forma de nos movimentarmos para conseguir atingir os objectivos das nossas missões com o mínimo de baixas possível.
Por exemplo, poderemos, em vez de dispersar as nossas unidades no terreno, utilizar uma ou mais unidades para fazerem fogo de cobertura enquanto uma outra unidade, munida de um lança granadas, tenta abater um tanque.
A tentativa e erro é comum neste jogo. Cada unidade tem pontos de saúde e pontos de movimento limitados. Torna-se óbvio o que acontece ao esgotarmos esse pontos. Caso uma unidade perca os seus pontos de saúde, perdemo-la. E se perdermos uma das unidades principais – por exemplo, Alicia ou Welkin – teremos de reiniciar a batalha pois acabámos de perder o jogo. Caso uma unidade esgote os seus pontos de movimento, não poderá ser deslocada novamente no turno corrente, podendo mesmo ficar desprotegida e ser aniquilada pelo inimigo.
Neste ponto convém fazer uma chamada de atenção ao jogador: não existem checkpoints nem mecanismo de gravação automática, pelo que a não gravação do progresso do jogo pode levar a muitas situações frustrantes.
Mas não se trata apenas de um jogo táctico onde o nosso objectivo é combater. É um jogo que nos faz pensar, como se de um jogo de xadrez se tratasse – e em alguns sentidos é. Para além disto, Valkyria Chronicles Remastered tem uma história por detrás, história essa que nos agarra desde o início. Uma história simples mas bem desenvolvida que nos coloca, não só no centro da acção mas, principalmente, na pele dos personagens.
As múltiplas cutscenes, embora muitas vezes longas, apresentam-nos uma narrativa bem construída e dão profundidade aos personagens, sejam personagens principais ou secundários. Porém, torna-se um pouco aborrecido entre 2 missões existirem 3 ou 4 cutscenes que, por vezes, não são mais do que conversas pontuais que não contribuem para o desenrolar da história.
Cada interveniente no jogo tem uma história, um passado e uma personalidade própria e, nesse aspecto, a SEGA acertou em cheio conseguindo transmitir ao jogador os sentimentos do personagem. Torna-se extremamente fácil sentirmos empatia com os personagens e com tudo o que se passa à sua volta: conseguimos sentir a angústia de uma população em fuga de uma pequena aldeia quando esta é atacada por um poder militar muito superior e percebemos a importância de manter pontos estratégicos de maneira a ganhar tempo e permitir a evacuação de civis.
Não é apenas a forma como a narrativa está montada que contribui para isto: a banda sonora e os gráficos do próprio jogo – cuidadosamente escolhidos – contribuem para que este seja um jogo diferente.
Ao nível gráfico, Valkyria Chronicles Remastered assemelha-se mais a uma banda desenhada com uma forte componente de anime. Todo o ambiente gráfico está construído de maneira a parecer-se com um desenho a lápis e isso ajuda a que consigamos mais facilmente situar a acção naquele tempo e naquele espaço específicos.
Juntando tudo isto, Valkyria Chronicles Remastered oferece, a quem é novo no jogo, uma experiência diferente e compensadora, e a quem jogou a versão original na PS3 a oportunidade de jogar um óptimo jogo com uma roupagem mais polida, desenhada propositadamente para a nova geração de consolas.
Veredicto:
Valkyria Chronicles Remastered é mais do que um jogo, é uma história bem desenhada e capaz de prender os jogadores desde o início, sendo este o seu maior trunfo. O seu modo de combate promete proporcionar-nos bastantes horas de diversão. Os gráficos remasterizados para a Playstation 4 são espectaculares, denotando o cuidado que só se aplica a uma ilustração. É um jogo para agradar aos fãs e a quem agora se estreia no jogo. Recomenda-se!
Este artigo tem mais de um ano
O anime era entretido. O jogo joguei pouco mas era bastante interessante.
2 ressalvas:
-Uma unidade se perder os pontos de vida (excepto o Welkin) não morre “per se”. Morre em definitivo se ninguém a resgatar ao fim de x turnos após ter caído (podendo juntar-se à batalha mais tarde).
-Uma unidade nunca fica sem pontos de movimento penso ser usada várias vezes num mesmo turno. De casa vez que é usada nesse turno recebe cada vez menos pontos de movimento até um mínimo (a não ser queiram dizer pontos de comando na review).