O Governo de Portugal desaconselhou o uso de telemóveis oferecidos pela chinesa Huawei, ou qualquer outra marca, na cúpula administrativa. O órgão executivo, liderado atualmente por António Costa, não esperou pelas recomendações dos Estados Unidos da América. Aliás, o primeiro-ministro não abriu sequer a caixa do telemóvel recentemente oferecido pela tecnológica chinesa.
Sendo já uma prática comum, a Huawei terá oferecido vários telemóveis aos altos-quadros administrativos em Portugal. Perante tal facto, o primeiro-ministro de Portugal recomendou uma postura cautelosa.
Esta tomada de postura foi hoje anunciada numa reportagem do Público. Assinada por São José Correia, a peça diz-nos que o Governo de Portugal não olha com bons olhos para os smartphones ou telemóveis da chinesa Huawei. Sobretudo nos dispositivos oferecidos aos governantes e quadros-altos do Estado.
A Huawei tem “inundado departamentos públicos”
Aliás, na sua peça citam telemóveis, computadores, bem como qualquer dispositivo informático. A tónica recai sobretudo nos equipamentos oferecidos pela Huawei, ou qualquer outra marca a titulares de cargos públicos diretamente relacionados com a Administração Central. Por outras palavras, a administração do Estado.
Ainda de acordo com o seu relato, o executivo mostra-se cansado desta postura de várias marcas, entre elas algumas empresas chinesas. Ao “inundar” departamentos públicos , bem como o próprio Governo de Portugal com várias ofertas. Uma tentativa de conseguir algum tipo de reconhecimento na esfera pública.
Em causa está o potencial risco que estes telemóveis ou smartphones representam. Sem provas dadas de que segurança ou confiança quando à idoneidade das suas intenções. Valendo aqui relembrar que este tipo de equipamentos pode ser utilizado para fins de espionagem industrial, segundo os rumores mais recentes.
A recomendação abrange todos os telemóveis oferecidos
O relato deixa bem claro que não foram detetadas situações irregulares, ou que permitam aferir práticas ilícitas de espionagem industrial, ou política. Contudo, as orientações do Governo são claras, mesmo sem especificar qualquer marca. Ainda de acordo com a reportagem do Público, a recomendação aplica-se a “todos os telemóveis oferecidos, em geral, mas a alguns em particular“.
O representante do Governo de Portugal que prestou declarações à entidade supracitada referiria um caso específico, envolvendo António Costa. Em visita às instalações da Huawei, em 2016, foi-lhe oferecido um ou mais smartphones da empresa. Contudo, o primeiro-ministro nem sequer abriu a caixa do presente.
Sendo apenas um exemplo de uma prática generalizada. Contudo, a recomendação do Governo é para aplicar, sendo os smartphones ou telemóveis ofertados, um bem não autorizado. Agora, resta saber de que forma é que esta postura poderá, ou não, afetar o desenvolvimento das redes 5G em Portugal.
Dos smartphones ao 5G, as prioridades da Huawei
Para a Huawei, a produção de smartphones ou telemóveis Android é uma das suas principais fontes de rendimento. Contudo, é na sua infraestrutura e equipamentos de redes onde a empresa reúne uma das suas maiores fontes de proveitos. Como tal, o desenvolvimento do 5G é uma das suas prioridades, algo que tem sido escrutinado pelas mais diversas entidades.
Certezas? Para já não vimos qualquer condenação, investigação ou prova concreta das práticas de espionagem mediante os seus dispositivos móveis. Contudo, permanecemos abertos a essa e qualquer outra situação que possa lesar os nossos e os seus direitos.
Entretanto, aumenta o clima de desconfiança que já levou a empresa a criar um sistema operativo alternativo ao Android, entre outras medidas de precaução.