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Micron volta a vender chips à Huawei aproveitando lacuna legal dos EUA

Ao mesmo tempo que o CEO da Micron admitiu uma quebra de 78% nos lucros do trimestre anterior, a retoma das relações comerciais com a Huawei vem assim acompanhar o exemplo da Microsoft e da Intel. São cada vez mais as empresas norte-americanas que procuram voltar a negociar com a Huawei.

Por sua vez, a Micron, fornecedora da Huawei, é a primeira vítima confirmada desta guerra comercial.


Mais concretamente, a Micron é a responsável pelo fornecimento de chips DRAM à Huawei. Assim, percebemos que um súbito corte de relações comerciais entre ambas as empresas tenha um impacto drástico para a Micron. Ora, é precisamente isso que veio a suceder no 3.º trimestre fiscal da empresa.

A Micron viu os seus lucros caírem 78%

Antes de tudo, cumpre ser dito que o terceiro trimestre do ano fiscal da Micron termina no último dia de maio, não acompanhando assim o calendário civil. Coincidentemente, a empresa descobriu uma lacuna legal nas sanções comerciais impostas à Huawei, fruto da ordem executiva assinada por Donald Trump.

Ao propósito, recordamos que o departamento de comércio dos EUA colocou a Huawei, bem como 70 outras empresas numa lista negra. Uma lista de nomes interditos a qualquer empresa sediada nos Estados Unidos da América, sem o aval da administração Trump. Contudo, foi descoberta uma pequena lacuna legal.

 

De igual modo, recordamos a licença especial de 90 dias concedida à Huawei. Uma exceção com vista à manutenção e garantia de atualização dos seus smartphones Android e outros dispositivos. Assim, ao abrigo desta licença temporária, empresas como a Google continuam a fornecer as suas soluções à tecnológica.

O CEO da Micron reconhece a importância da Huawei

Durante a última conferência de imprensa, numa mesa repleta de analistas, Sanjay Mehrotra, CEO, pronunciou-se sobre a situação. Para ele, “o nosso setor mobile sofreu o impacto das restrições ao comércio impostas pelos EUA“. A sua empresa obedeceu, tal como as demais, ao bloqueio aplicado por Trump.

Como certamente saberão, a 16 de maio o DEpartamento de Comércio dos Estados Unidos da América adicionaram a Huawei e 68 outras empresas não sediadas nos EUA a uma lista negra de entidades. Com o intuito de acatar as imposições legais, a Micron suspendeu todos os envios para a Huawei. Ao mesmo tempo, começamos a analisar tudo o que vendemos à tecnológica chinesa.

A partir desta análise concluímos que poderíamos, respeitando ainda assim o espírito da lei, retomar a expedição dos produtos atuais uma vez que estes não estão expressamente visados na regulação administrativa. Começamos a expedir encomendas nas duas últimas semanas.

Ainda que os produtos exatos e respetivas quantidades não tenham sido divulgadas pelo CEO da Micron, pelo menos alguns componentes já estão a chegar à Huawei. No entanto, esta ação não foi imbuída de espírito altruísta, mas sim pragmático. Do mesmo relatório fiscal constou uma quebra de 78% nos lucros.

As acções da Micron caíram até à retoma com a Huawei

O deslize da Micron teve repercussões imediatas junto do mercado de capitais. De igual modo, logo que o CEO deu a conhecer este contorno do bloqueio, as ações da empresa voltaram a subir. Em síntese, não sabemos ao certo o que está novamente a chegar até à Huawei, mas foi o suficiente para reanimar a Micron.

Ainda assim, Mehrotra reconhece a “incerteza considerável que continua a pairar sobre a Huawei“. Algo que torna impossível prever volumes aproximados de vendas, ou mesmo lucros resultantes da retoma das negociações. Para as tecnológicas, parceiras da Huawei, o mercado tornou-se imensamente instável.

Concretamente, as receitas do terceiro trimestre da Micron, período que terminou a 31 de maio de 2019, caíram cerca de 38,6%. Por sua vez, o departamento responsável pela produção de DRAM sofreu uma quebra de 45% e, por fim, o departamento de NAND apresentou quebras de 25%. Em síntese, uma queda geral.

A Micron fornece componentes para os smartphones Android da Huawei

Ainda que a procura pelos chips e vários outros componentes estejam em alta, a empresa, como um todo, caiu consideravelmente. Assim se vê o impacto dos smartphones Android da Huawei no volume de vendas da empresa norte-americana. Ao mesmo tempo, a tecnológica não carece assim de uma nova fornecedora.

Note-se que a Huawei tem se rodeado de potenciais novas parcerias, tudo para salvaguardar os seus smartphones Android. Aliás, até mesmo para o sistema operativo, a empresa chinesa tem outras alternativas viáveis. No entanto, temos várias outras empresas norte-americanas que cumpriram este bloqueio.

Agora, resta-nos aguardar pela próxima conferência dos G20 onde Donald Trump terá oportunidade de dialogar com o seu homólogo chinês. Xi Jinping. Até lá, continua a guerra comercial, sentindo-se já o atrito numa das grandes empresas norte-americanas.


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