Os Estados Unidos estão a passar uma fase terrível em vários cenários. Além dos mortos causados pela COVID-19, o país está em convulsão, como resultado da brutalidade policial que levou à morte de um cidadão americano, na passada semana. Há violência nas ruas, há uma luta nas redes sociais e a instabilidade poderá ter sido motivo para a Google adiar o lançamento do Android 11. A empresa disse que “agora não é hora de comemorar”.
A medida vem numa altura em que os EUA enfrentam uma onda de protestos contra a brutalidade policial que se seguiu ao assassinato de George Floyd.
Violência policial pode ter levado a Google a adiar lançamento do Android 11
A Google lançou a primeira versão beta do Android 11 há alguns meses. Contudo, essa versão prévia era destinada aos programadores, algo comum, que geralmente antecede a introdução formal de uma nova versão do Android.
A revelação oficial geralmente acontece em maio e, em seguida, a primeira versão beta pública é lançada alguns meses antes da versão final. Mas 2020 tem sido tudo menos típico, pois o novo coronavírus mudou tudo que tínhamos como garantido.
Assim, a Google foi forçada a encerrar os seus eventos e o I/O deste ano foi totalmente cancelado. Como resultado, o lançamento do Pixel 4a foi adiado, assim como a revelação do Android 11 e o lançamento da primeira versão beta pública.
A Google planeava anunciar o Android 11 Beta no próximo dia 3 de junho, quase um mês depois do que normalmente faria. No entanto, também essa data vai ser alterada. A recente onda de protestos em Minneapolis e outros lugares dos Estados Unidos, depois do assassinato de George Floyd, não dão condições para haver alegria com a chegada de novidades tecnológicas.
Estamos empolgados para contar mais sobre o Android 11, mas agora não é hora de comemorar. Adiamos o evento de 3 de junho e a versão beta. Voltaremos com mais informações sobre o Android 11 em breve.
Escreveu a Google na conta oficial do Twitter Android Developers há algumas horas.
We are excited to tell you more about Android 11, but now is not the time to celebrate. We are postponing the June 3rd event and beta release. We’ll be back with more on Android 11, soon.
— Android Developers (@AndroidDev) May 30, 2020
Jornalistas, Twitter e Trump numa semana muito intensa
A Google não aborda explicitamente as revoltas, mas o atraso do lançamento poderá estar mesmo relacionado com os acontecimentos em torno da morte de Floyd e de outros indivíduos, negros e desarmados, mortos pela polícia nos últimos meses.
Os protestos contra a brutalidade policial intensificaram-se no Minnesota esta semana, levando a uma mudança inesperada de eventos. Conforme vimos, em questão de dias, a polícia entrou em conflito com manifestantes e chegou a prender repórteres da CNN que estavam a cobrir os protestos. Os repórteres foram libertados e o governador de Minnesota, Tim Walz, pediu desculpas pela prisão dos jornalistas, dizendo que “era totalmente inaceitável”.
Enquanto os protestos no estado norte-americano entravam num patamar de violência, Trump foi ao Twitter para os abordar. Contudo, o presidente apenas conseguiu sinalizar uma das suas mensagens pela segunda vez em questão de dias. Desta vez, o tweet, que continha a observação “quando o saque começa, o tiroteio começa”, levou o Twitter a censurá-lo por glorificar a violência. Em seguida, aplicou o mesmo marcador a um tweet da Casa Branca que citava a mesma mensagem.
Portanto, tudo isto estará, supostamente, a levar a Google a não ter vontade de lançar o seu sistema operativo em tempos tão complicados. De referir que tudo isto está a acontecer em simultâneo com uma crise de saúde, que, segundo os dados atuais, matou mais de 100 mil pessoas.