O mercado Android é enorme muito graças aos preços acessíveis dos equipamentos. Não se trata da escolha pessoal, da ferramenta que melhor serve o utilizador. Trata-se de ser barato para muitos os que apenas procuram um telemóvel de mexer com o dedo. Mas o mercado dos telefones baratos não gera o lucro que permita às empresas sustentar a sua oferta. Resultado: cerca de 500 marcas, incluindo LG e BlackBerry, abandonaram o mercado dos smartphones.
Segmento de smartphones Android de baixo custo têm muitas dificuldades
Os equipamentos premium permitem às marcas gerar uma receita maior, trazer mais-valia ao utilizador, tornando-o fiel. Esta realidade está sobejamente comprovada naquela que é a maior marca de tecnologia do mundo. No entanto, os equipamentos são mais caros e nem todas as pessoas podem, ou querem, ou mesmo precisam adquirir tais dispositivos. A solução é investir num smartphone entrada de gama, no limite numa gama média.
Como resultado, o mercado global de smartphones registou uma consolidação maciça nos últimos seis anos, de acordo com novos dados da Counterpoint Research. Estes dados revelam que o número de marcas de smartphones ativas diminuiu acentuadamente de mais de 700 em 2017 para cerca de 250 atualmente. A queda representa a saída de quase 500 marcas do sector, incluindo marcas populares como a Microsoft Lumia, a BlackBerry e a LG.
A maioria das marcas encerradas provinha de fabricantes locais em mercados-chave como a Índia, a China, o Médio Oriente, a África e o Japão. Entre as marcas conhecidas que já não estão disponíveis contam-se a Micromax, Intex, Karbonn da Índia, Meizu, Coolpad e Gionee da China.
O mercado global de smartphones sofreu alterações significativas nos últimos anos que contribuíram para o declínio de algumas marcas mais pequenas. Tal como salientado pela Counterpoint, fatores como ciclos de substituição mais longos, um mercado crescente de produtos recondicionados, problemas na cadeia de abastecimento e mudanças tecnológicas colocaram grandes desafios às empresas de smartphones.
Esta situação teve um impacto particular nos operadores mais pequenos, com recursos limitados e capacidade de expansão, em comparação com os maiores fabricantes. Embora marcas como a LG e a Kyocera tivessem presença local em alguns mercados, acabaram por ter dificuldades em competir face a estes ventos contrários do sector.
É de salientar que a Microsoft não está a retirar-se do mercado dos smartphones. Embora a série Lumia tenha morrido, continua a ter dispositivos como o Surface Duo. Em contrapartida, as grandes marcas, como a Samsung e a Apple, têm estado mais bem equipadas para enfrentar as tempestades graças a vantagens como capacidades de produção maciças e carteiras de produtos mais alargadas.
Na publicação do blogue, a Counterpoint escreveu:
Desde a pandemia de COVID-19 e a escassez de componentes até ao abrandamento económico global em curso, vários ventos contrários afectaram as marcas de smartphones em todos os sectores no passado recente. Para as grandes marcas, tem sido relativamente mais fácil manter as margens de lucro neste ambiente de mercado. Mas as pequenas marcas têm-se debatido com dificuldades para manter as operações em funcionamento.
Entretanto, o analista observa que algumas marcas de nicho que se concentram em segmentos premium ou casos de utilização específicos podem ainda sobreviver. Os exemplos incluem o Fairphone para a sustentabilidade e o Doro e o Sonim para os idosos.