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Twitter Files: “O Twitter é, ao mesmo tempo, uma rede social e uma cena de crime”

Elon Musk marcou 2022 com a sua ação na guerra, com o fornecimento das antenas para a internet Starlink, com as novidades da SpaceX a ter um papel preponderante na exploração espacial, nas novidades Tesla, com o Semi à cabeça e, claro, com a compra do Twitter. Foi um ano recheado de atividades deste que é o homem mais rico do mundo (ou quase). Contudo, o Twitter também tem sido uma enorme dor de cabeça. Para além de toda a polémica da compra e despedimentos, os Twitter Files são o prato que ainda queima.

Os Twitter Files são um conjunto de documentos internos do Twitter partilhados recentemente por Elon Musk com os jornalistas Matt Taibbi, Lee Fang e Bari Weiss e o autor Michael Shellenberger.


“O Twitter é, ao mesmo tempo, uma rede social e uma cena de crime.”

Exagero, ironia ou realidade? As palavras citadas em subtítulo são de Elon Musk, o novo dono do Twitter, e de toda a divulgação, patrocinada por ele mesmo, das práticas mais que questionáveis da cúpula da rede social nos últimos tempos. Portanto, será mesmo uma cena de crime?

Em abono da verdade, ainda que nenhum crime real, previsto nas leis penais norte-americanas, tenha sido cometido, o pouco que já apareceu nos chamados Twitter Files (“Ficheiros do Twitter”) mostra que havia algo muito errado na forma como a empresa colocava em prática as suas políticas de conteúdo.

Mas errado a ponto de ter influência decisiva sobre a mais importante eleição do planeta? Uma boa questão que está em cima da mesa!

A segunda parte da divulgação, foi deixada a cargo da jornalista Bari Weiss, com passagem pelo New York Times, já é bastante preocupante.

Segundo informações, os “mandachuvas” do Twitter agiram deliberadamente de forma a reduzir de forma drástica o alcance de publicações de figuras conservadoras ou que questionavam supostos “consensos” a respeito de temas como o combate à pandemia de Covid-19.

Perfis ou tweets não apareciam nos resultados de pesquisas, ou certos temas não apareciam nos trending topics, por exemplo. Não se tratava de um algoritmo impessoal em ação, mas de decisões tomadas por humanos, com critérios puramente ideológicos.

A prática, chamada de shadow ban, sempre foi negada publicamente pelos “altos quadros” do Twitter, como o fundador e ex-CEO Jack Dorsey ou Vijaya Gadde, ex-chefe do Departamento de Políticas e Assuntos Legais e uma das primeiras pessoas a serem demitidas por Musk após a aquisição da empresa.

Especialmente bombástica, no entanto, foi a primeira leva de documentos, divulgados pelo jornalista Matt Taibbi. Ela mostra como o Twitter impediu que uma história verdadeira a respeito do conteúdo de um computador pessoal de Hunter Biden, filho de Joe Biden, então candidato à presidência dos Estados Unidos, ganhasse difusão e atrapalhasse o democrata na sua disputa contra Donald Trump.

 

Twitter Files traz uma bomba política ou é apenas pólvora seca?

A reportagem original foi publicada pelo jornal The New York Post e afirmava que Joe Biden, então vice-presidente de Barack Obama, teria pressionado o governo da Ucrânia para que abafasse uma investigação contra uma empresa de energia ucraniana onde Hunter Biden tinha assento.

Segundo a mesma publicação, a censura do Twitter impediu que a reportagem fosse partilhada através de mensagens pessoais entre utilizadores da plataforma. Conforme é referido nas publicações de Taibbi, (antigo jornalista da Rolling Stone também conhecido pelas suas posições mais à esquerda que é hoje em dia um crítico dos media) a cúpula do Twitter justificou as suas ações com base numa interpretação bastante flexível de políticas sobre a publicação de conteúdos hackeados, algo que chegou a ser questionado internamente, embora as dúvidas tenham sido ignoradas por quem mandava.

Segundo uma pesquisa do Media Research Center (MRC) realizada em novembro de 2020, 45% dos eleitores de Biden entrevistados em sete swing states (Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin – todos eles vencidos por Biden, com exceção da Carolina do Norte) não tiveram conhecimento da denúncia e 9,4% teriam deixado de votar no democrata se soubessem do caso.

De acordo com o MRC, ainda que estes eleitores não votassem em Trump (eles poderiam escolher um terceiro candidato ou simplesmente deixado de votar), o mero facto de não escolherem Biden teria bastado para que o republicano vencesse todos estes sete estados e conseguisse a reeleição.

Quem tenta minimizar os dados da pesquisa ou os efeitos da censura do Twitter alega que em nenhum momento a reportagem saiu do ar no site do jornal nova-iorquino, mas, diante da tendência mundial cada vez maior de se usar as redes sociais como fonte primária de informação, não há como negar que a supressão de uma história no Twitter limita fortemente o seu potencial de difusão.

 

Jack Dorsey: “Não há nada a esconder”, nem “planos ocultos”.

O ex-CEO Jack Dorsey garante que não existiram “más intenções” quando foram censurados conteúdos relativos ao caso do computador portátil do filho de Biden. Ainda assim, o cofundador do Twitter assume “erros”.

Numa newsletter publicada na terça-feira dia 13 deste mês, Jack Dorsey reagiu pela primeira vez aos Twitter Files, garantindo que “não há nada a esconder” e criticando a forma como a divulgação de emails internos da plataforma foi feita no próprio Twitter.

Gostaria que os ficheiros tivessem sido divulgados ao estilo WikiLeaks, com muitos mais olhos e interpretações a serem considerados.

Escreveu o cofundador e antigo CEO do Twitter.

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