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TikTok poderá estar a prejudicar a capacidade de atenção das crianças, diz relatório

Os psicólogos estão preocupados com o impacto que o TikTok pode estar a ter no cérebro das crianças e, por isso, têm surgido vários estudos. Desta vez, um relatório revela que a rede social pode estar a prejudicar o cérebro das crianças e a afetar de forma negativa a sua capacidade de atenção.

Conteúdos rápidos e dinâmicos promovem o desinteresse por atividades mais longas.


O consumo de redes sociais pelos mais novos é, a cada dia, normalizado. De entre as várias disponíveis, o TikTok é aquele que parece reunir mais adeptos, e os psicólogos estão preocupados. Por essa razão, têm levado a cabo estudos que comprovem as suas teorias.

De acordo com um relatório do The Wall Street Journal, mencionado pelo New York Post, a forma como as crianças estão a consumir as redes sociais, especialmente o TikTok, poderá estar a afetar a sua capacidade de atenção. Afinal, a rede social faz sucesso pelos vídeos curtos.

É difícil olhar para as tendências crescentes no consumo das redes sociais de todos os tipos, multitarefas e taxas de transtorno de hiperatividade com défice de atenção (THDA) nos jovens e não concluir que há uma diminuição da sua capacidade de atenção.

Disse Carl Marci, psiquiatra do Massachusetts General Hospital.

Embora a ligação entre as THDA e o tempo de ecrã não seja unânime, estudos sugerem que os vídeos acelerados e de curta duração que as crianças consomem são, em parte, responsáveis pelo desinteresse em atividades longas e que implicam prática recorrente.

 

Crianças estão habituadas à dinâmica do TikTok

O estudo que deu origem ao relatório examinou a influência que vídeos personalizados têm no cérebro, em comparação com vídeos aleatórios. As ressonâncias magnéticas dos participantes mostraram que a parte do cérebro associada ao vício despertava furtivamente aquando dos vídeos personalizados. Aliás, alguns utilizadores demonstraram dificuldade em controlar o momento em que deveriam parar de assistir.

Tendo em conta que atividades que requerem atenção e foco, como problemas de matemática, utilizam a parte do cérebro responsável pela tomada de decisões e controlo de impulsos (córtex pré-frontal), torna-se complicado para as crianças. Isto, porque, de acordo com o The Wall Street Jorunal, essa parte do seu cérebro só está completamente desenvolvida na idade adulta, a partir dos 25 anos.

A atenção dirigida é a capacidade de inibir as distrações e manter a atenção e de desviar a atenção adequadamente. Requer habilidades de ordem superior como planeamento e priorização.

Se os cérebros das crianças se habituam a mudanças constantes, o cérebro tem dificuldade em adaptar-se a uma atividade não digital onde as coisas não se movem tão depressa.

Explicou Michael Manos, diretor clínico do Center for Attention and Learning da Cleveland Clinic Children’s.

Michael Manos, diretor clínico do Center for Attention and Learning da Cleveland Clinic Children’s

Na opinião de John Hutton, pediatra e diretor do Reading & Literacy Discovery Center do Cincinnati Children’s Hospital, o TikTok é “uma máquina dopaminérgica” e, se o objetivo é que as crianças prestem atenção, “elas precisam de praticar”.

Por sua vez, James Williams, um especialista em ética tecnológica e autor de “Stand Out of Our Light”: Liberdade e Resistência na Economia da Atenção, considera que é “como se tivéssemos feito as crianças viverem numa loja de doces e depois dizemos-lhes para ignorarem todos esses doces e comerem um prato de vegetais”.

 

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