O azul que associamos ao oceano está a mudar, com o passar do tempo. Os cientistas já fizeram as suas apostas e, não querendo ser repetitivos, apontam para mais uma consequência das alterações climáticas.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature e mencionado pela SIC, mais de metade dos oceanos mudaram de cor, ao longo dos últimos 20 anos, em algumas regiões. Os cientistas não têm dúvidas e apontam esta mudança de azul para verde como mais uma consequência das alterações climáticas.
A razão pela qual estamos interessados nas mudanças de cor é que a cor reflete o estado do ecossistema.
Explicou o principal autor do estudo, B.B. Cael, do Centro Nacional Oceanográfico do Reino Unido.
Segundo os cientistas, as mudanças de cor dos oceanos devem-se a uma alteração nos ecossistemas, especificamente, no plâncton, que é o elemento-chave do sistema alimentar marinho, desempenhando um papel crucial no ciclo global do carbono e na produção de oxigénio.
Aquilo que vemos a partir do espaço diz-nos muito sobre o que acontece no mar. Se observarmos um azul profundo, significa que há pouca vida naquela área. Uma cor mais esverdeada é sinónimo de atividade, nomeadamente, do fitoplâncton que contém um pigmento verde. A evolução do fitoplâncton e a sua concentração perturbam toda a cadeia alimentar marinha.
O estudo publicado na Nature estudou sete tons nos oceanos monitorizados pelo satélite MODIS-Aqua, entre 2002 a 2022. Isto, porque essas cores são demasiadamente subtis para serem percecionadas pelo olho humano.
Os investigadores compararam as suas observações com os modelos computacionais relativos ao resultado das alterações climáticas e concluíram que as mudanças correspondiam ao que havia sido previsto.
Faço simulações há anos e todas me dizem que essas mudanças na cor do oceano vão acontecer. Ver isso realmente acontecer não é surpreendente, mas assustador.
Disse Stephanie Dutkiewicz, do departamento de ciências da terra, atmosféricas e planetárias do MIT, e coautora do estudo.
Embora a evidência científica se queira ainda mais robusta, “essas mudanças são consistentes com o que se sabe sobre alterações climáticas induzidas pelo homem”.