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Japão está na corrida espacial com o objetivo de limpar os detritos

A exploração espacial é uma promessa gigante que tem unido e afastado países que pretendem ver, com os seus olhos, aquilo que está para lá da Terra. Mais um exemplo disso é o Japão. Contudo, este não pretende que os humanos visitem o espaço, nem pretende criar colónias. Por sua vez, quer tratar de um problema que já conhecemos e que é preocupante: detritos.

Depois de anos e anos de exploração que não se prevê que abrande, o lixo espacial é uma questão cada vez mais relevante, e o Japão quer ser parte da solução.


O espaço tem sido alvo de muitos projetos, que tencionam mostrar aos terráqueos aquilo que está para lá da Terra. Contudo, no meio das viagens comerciais destinadas aos turistas mais curiosos, dos satélites que são lançados com o objetivo de explorar o “infinito”, e das colónias que se poderão, futuramente, instalar em planetas como Marte, o lixo começa a ser uma questão.

De acordo com os cálculos da NASA, cerca de 9.000 toneladas métricas de destroços estão espalhadas no espaço à volta da Terra, uma massa que inclui satélites abandonados e os restos de naves espaciais em desintegração. Conforme já vimos, isto representa perigo.

Apesar de não ser tida em conta por todos os países, a gestão da enorme quantidade de detritos que está a acumular-se acima das nossas cabeças após décadas de colocação de dispositivos em órbita começa a ser, esporadicamente, mencionada.

 

Japão quer ser parte da solução tecnológica e burocraticamente

Tendo os cidadãos japoneses sido, recentemente, notícia pela sua conduta surpreendente na FIFA World Cup 2022, não é apenas a Terra que eles querem deixar “impecável”. Afinal, os esforços direcionados para o espaço têm sido conhecidos.

Em conjunto com a empresa Astrocale, com sede em Tóquio, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) tem vindo a trabalhar no desenvolvimento de tecnologia para a remoção de detritos espaciais. A parceria começou, oficialmente, em 2020, quando a agência japonesa selecionou a Astrocale para a primeira fase do seu projeto de demonstração CRD2 e, este verão, foi anunciado um novo estudo, incluindo testes terrestres de hardware e software, dentro do mesmo quadro.

O objetivo passa por oferecer serviços de remoção de detritos, a médio prazo, até 2030, e no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

A Astrocale já realizou testes interessantes com a sua missão ELSA-d, incluindo uma experiência de captura por satélite, que aconteceu este verão. A empresa também aumentou o apoio no Japão e noutros países. Por exemplo, em julho, angariou cerca de 300 milhões de dólares em financiamento de investidores japoneses e internacionais, e, no início do outono, a Agência Espacial do Reino Unido (UKSA) já tinha voltado a sua atenção para a ClearSpace para a eliminação de detritos.

Por querer que a economia espacial prospera “de forma sustentável”, a empresa está ainda a trabalhar noutros serviços, como o alargamento do ciclo de vida, reparações e reabastecimento.

No espaço, o Japão sempre foi um país de segunda velocidade. O primeiro foi sempre os EUA, a URSS e, recentemente, a China. Esta é uma oportunidade de ouro, mas o tempo é curto.

Revelou Kazuto Suzuki, especialista em política espacial da Graduate School of Public Policy da University of Tokyo.

Kazuto Suzuki, especialista em política espacial da Graduate School of Public Policy da University of Tokyo

Além de querer contribuir com tecnologia, o Japão pretende também ser uma ajuda na regulamentação, pois, para Jonathan McDowell do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, “o problema é que não existe um regulador de tráfego aéreo internacional para o espaço”.

Para que isso seja possível, McDowell explica que os países têm de estar dispostos a “a colocar os interesses internacionais à frente da sua própria paranoia sobre as preocupações militares”, e aceitar uma regulamentação que precisa de transcender fronteiras (e órbitas) e tocar em questões sensíveis.

 

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