Os investigadores da Universidade de New Hampshire propuseram um conceito controverso para reduzir as emissões: incluir uma taxa baseada no peso nos bilhetes de avião.
O conceito não é novidade. Aliás, em 2023, uma companhia aérea da Nova Zelândia chegou a propor que os passageiros se pesem antes do embarque. Mais tarde, já em 2024, foi a vez da Finnair, companhia aérea da Finlândia, sugeriu aos passageiros voluntários que se pesassem na porta de embarque. Esta experiência serviu, segundo a comunicação da companhia, para a empresa poder aperfeiçoar as estimativas de peso dos aviões antes da descolagem.
Agora o conceito está de novo no radar. Segundo os investigadores americanos, quanto maior o peso nos aviões, maior é o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de CO₂. Reduzir o peso transportado pode ser uma estratégia eficaz.
Uma tarifa aérea baseada no peso dos passageiros para reduzir as emissões de CO₂?
O transporte aéreo, responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de gases com efeito de estufa, tem sido alvo de atenção na procura de soluções sustentáveis para reduzir o seu impacto ambiental. Investigadores da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, propuseram um conceito controverso, mas interessante: incluir uma tarifa baseada no peso dos passageiros nos bilhetes de avião.
De acordo com os seus estudos, publicados na revista Transportation Research, esta medida poderia ser um passo em direção a um transporte aéreo mais sustentável.
O peso e a sua relação com as emissões do avião
O peso transportado pelos aviões é um fator crucial no consumo de combustível. Quanto maior o peso, maior o consumo e, consequentemente, as emissões de gases com efeito de estufa aumentam. Isso torna o peso um objetivo fundamental para quem procura tornar a aviação comercial mais sustentável. A equipa liderada pelo professor Markus Schuckert analisou três possíveis políticas tarifárias para integrar o peso como fator nos preços dos bilhetes:
- Tarifa padrão: preço fixo para todos os passageiros, independentemente do peso.
- Tarifa com limite de peso: passageiros que excedam um peso corporal pré-definido pagariam uma sobretaxa.
- Tarifa baseada no peso combinado: o preço do bilhete dependeria do peso total do passageiro e da sua bagagem, com descontos para quem viajar com menos carga.
Resultados da investigação
Numa pesquisa realizada com 1.000 viajantes nos Estados Unidos, a tarifa padrão foi a mais aceite, sendo considerada a opção mais ética.
Cerca de 60% dos inquiridos manifestaram preocupações com as políticas baseadas no peso corporal, considerando-as discriminatórias, pois poderiam excluir certos passageiros devido a fatores como dieta ou condições socioeconómicas. No entanto, os jovens entre 18 e 35 anos mostraram-se significativamente mais recetivos a estas propostas, com um apoio 20% superior ao das pessoas com mais de 66 anos.
Além disso, viajantes frequentes e pessoas com rendimentos elevados demonstraram um apoio 25% maior em comparação com viajantes ocasionais e pessoas com baixos rendimentos.
Um conceito com história e desafios éticos
Embora o conceito de tarifas baseadas no peso não seja novo — algumas companhias aéreas já realizaram testes nesse sentido — a sua implementação em larga escala enfrenta desafios éticos e sociais. A ideia levanta preocupações devido ao risco de discriminação e exclusão. Ainda assim, os investigadores argumentam que essas preocupações não deveriam impedir um debate aberto sobre soluções inovadoras para a sustentabilidade no transporte aéreo. Segundo a equipa, se realmente se deseja uma mudança em direção a uma aviação mais ecológica, todas as opções devem ser consideradas para análise e discussão.
O transporte aéreo tem um impacto significativo no meio ambiente, e encontrar formas de o reduzir é crucial para mitigar as alterações climáticas. Apesar dos desafios éticos das políticas tarifárias baseadas no peso, estas abrem espaço para uma discussão mais ampla sobre como alcançar um equilíbrio entre sustentabilidade e acessibilidade.
Companhias aéreas, governos e cidadãos devem trabalhar juntos para identificar soluções que sejam tanto éticas como eficazes na redução de emissões.