Por incrível que possa parecer, um novo estudo concluiu que há cidades chinesas a liderar um caminho que está a ser percorrido por vários países. Apesar do crescimento das economias, registou-se uma redução das emissões de dióxido de carbono em 38 cidades.
Os investigadores acreditam que esses polos urbanos são um importante motor para a redução das emissões dos países.
Um grupo de investigadores da University of Birmingham descobriu que 38 cidades chinesas foram capazes de reduzir as suas emissões de CO2, apesar do crescimento da economia e o aumento da população. Por outro lado, o estudo concluiu que outras 21 cidades viram as suas emissões reduzidas devido à queda dessas duas variantes.
Além disso, o estudo percebeu que cidades com “picos de emissões”, como é o caso de Pequim, atingiram um declínio desses valores devido a melhorias de eficiência e mudanças estruturais na utilização de energia. Por sua vez, cidades em declínio, como é o caso de Fuxin, província de Liaoning, e Shenyang, província de Liaoning, têm probabilidade de reduzir as emissões devido à recessão económica e à perda de população.
Estudo sugere que há cidades chinesas num bom caminho
O estudo refere que os objetivos de emissões para as cidades chinesas precisam de ser estabelecidos individualmente, considerando os seus recursos, níveis de industrialização, características socioeconómicas e objetivos de desenvolvimento próprios.
Da mesma forma, sugere que as cidades que mais dióxido de carbono emitem, pelas suas tecnologias ultrapassadas, deveriam desenvolver políticas e objetivos rigorosos de redução de emissões. Assim, davam oportunidade, para que as regiões menos desenvolvidas tivessem mais espaço para emissões e para desenvolvimento económico.
As experiências e lições aprendidas com as 59 cidades chinesas que reduziram as suas emissões de CO2 podem ser utilizadas como referência para outras cidades. As realizações destas cidades são notáveis para países de todo o mundo, uma vez que a China é o emissor de CO2 mais significativo.
O impacto dos fatores de emissão varia entre estas cidades. As cidades em crescimento que reduziram as emissões deverão levar a China a estabelecer precedentes para atingir a neutralidade de carbono antes de 2060.
Explicou Yuli Shan, primeiro autor do estudo, que analisou exaustivamente relatórios de emissões de dióxido de carbono de 287 cidades chinesas, entre 2001 e 2019.
Não é fácil reduzir cada tonelada de emissões e a estratégia de redução deve ser individualizada. A China está a desempenhar um papel crescente na mitigação global das alterações climáticas e as autoridades locais necessitam de mais informação específica sobre as tendências e padrões de emissões ao conceberem políticas de baixo carbono.
Partilhou Dabo Guan da Tsinghua University, autor correspondente e fundador do China Emissions and Accounts Dataset.
Para os investigadores, as cidades estão no centro do combate às alterações climáticas, pois representam 60%-80% do consumo de energia e 75% das emissões de dióxido de carbono. A par disso, têm a capacidade administrativa de levar a cabo medidas de redução de emissões.