Os testes conduzidos pela China a amostras de água do mar recolhidas nas proximidades da central nuclear japonesa de Fukushima terminaram. As conclusões não revelaram qualquer impacto negativo nas espécies marinhas. Contudo, os especialistas pedem cautela.
As amostras recolhidas nas proximidades da central nuclear de Fukushima, em meados de outubro, foram as primeiras obtidas por cientistas chineses, sob supervisão internacional, nas proximidades da descarga oceânica onde foi libertada a água contaminada do reator atingido, segundo informação avançada pela Autoridade de Energia Atómica da China (em inglês, CAEA).
Esta foi primeira vez que a China recolheu amostras de forma independente, desde que o Governo do Japão começou, unilateralmente, a descarregar a água contaminada pela central nuclear de Fukushima Daiichi no oceano, em 24 de agosto de 2023, ignorando as sérias dúvidas e a forte oposição da comunidade internacional.
Em agosto de 2023, o Japão iniciou a descarga de águas residuais da central nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico, num processo altamente contestado um pouco por todo o mundo, pelo receio de contaminação das águas e das próprias espécies animais.
Na altura, a China, a sua principal importadora de peixe e marisco, bloqueou todas as importações destes alimentos para “proteger a saúde dos consumidores”.
China não detetou impactos negativos, mas são precisos mais testes
Recentemente, as instituições de investigação chinesas concluíram os testes e a análise das amostras de água do mar, revelando não ter detetado quaisquer anomalias na concentração de elementos perigosos.
A recolha foi feita depois de o Japão ter concordado, em setembro, em cooperar plenamente na criação de um acordo de monitorização internacional independente e eficaz a longo prazo, e em aceitar a recolha de amostras e a monitorização independentes por parte da China.
Um artigo do Global Times citou peritos que afirmam que a amostragem independente das partes interessadas ajudará a comunidade internacional a obter dados autênticos e efetivos, e a ser informada atempadamente de qualquer impacto da descarga.
Ainda segundo os peritos, com base nos vários dados de monitorização recolhidos até à data, não existem ainda provas de que a descarga oceânica tenha tido um impacto na vida marinha na zona em causa.
Uma vez que a descarga oceânica de água contaminada pela central nuclear de Fukushima não tem precedentes e que a decisão unilateral do Japão de proceder à descarga oceânica carece de legitimidade e legalidade, os especialistas consideram que é necessário manter a cautela sobre esta questão do ponto de vista científico.
Além disso, considerando que os resultados de um único teste são limitados, a China e outras partes interessadas continuarão a participar no acordo internacional de monitorização a longo prazo, bem como a conduzir amostragens e monitorização de forma independente.
Aliás, segundo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, a China vai continuar a realizar testes independentes, por forma a melhorar a supervisão internacional da descarga, pois são necessários mais testes antes que a proibição de produtos do mar possa ser levantada.