As alterações climáticas são naturais, mas a sua aceleração é conduzida pela atividade humana, sendo uma das mais poluidoras, comprovadamente, o setor da aviação. Uma nova investigação destaca algumas mudanças na forma como os aviões voam que poderiam reduzir o seu impacto em 24%.
Para o líder da equipa de investigação, os esforços atuais do setor não são suficientes.
A aviação comercial é, na economia e sociedade atuais, essencial. Além de permitir o transporte rápido de pessoas e mercadorias por todo o mundo, facilita o comércio global e suporta 87,7 milhões de empregos. Apesar da sua importância, a pegada ambiental é significativa e os esforços que as companhias levam a cabo atualmente não parecem suficientes.
Uma investigação recente destacou algumas soluções promissoras que a indústria da aviação poderia pôr em prática, para reduzir os danos que os voos causam no planeta. De acordo com Kieran Tait, candidato a doutoramento em Engenharia Aeroespacial da University of Bristol, a equipa que liderou percebeu que a simples mudança de rotas poderá ser a chave para reduções drásticas no impacto ambiental dos aviões.
Pequenas mudanças que podem ser a solução para a aviação
Conforme começa Kieran Tait, os aviões modernos queimam querosene para gerar a propulsão necessária para produzir elevação. Embora seja um combustível fóssil com excelente densidade energética, que fornece muita energia por quilograma queimado, o querosene liberta produtos químicos nocivos durante esse processo: dióxido de carbono, óxidos de azoto, vapor de água e pequenas partículas de fuligem, sujidade e líquidos.
Aliás, a aviação é uma das mais significativas responsáveis pela pegada de carbono, mas não é só o carbono que consta na sua lista. Isto, porque as emissões de óxido de azoto e os rastos de gelo provocados pelo vapor de água que deixa para trás constituem parte da culpa. Assim sendo, tendo em conta o total das emissões da aviação e a lentidão do setor em descarbonizar-se, comparativamente a outros, prevê-se que a sua percentagem de culpa aumente.
Os investigadores sugerem duas soluções exequíveis e promissoras para este problema da aviação, a curto prazo: voo em formação e voo de rotas climáticas otimizadas.
A primeira envolve a reorganização das rotas dos aviões, por forma a evitar regiões da atmosfera particularmente sensíveis. Por exemplo, onde o ar húmido causa a formação de contrails, ou rastos de vapor de gelo, de longa duração e que causam danos.
Por sua vez, a segunda, o voo em formação, significa que dois aviões podem voar a 1 ou 2 km de distância um do outro, para que aquele que segue atrás siga na faixa do da frente, reduzindo a emissão de CO2 e de outros elementos nocivos em 5%.
Kieran Tait ressalva que, apesar de o setor da aviação estar fixado no objetivo de combater as alterações climáticas, “os planos atuais para a indústria atingir as emissões zero até 2050 dependem de um aumento ambicioso de 3.000 a 4.000 vezes na produção de combustível de aviação sustentável (SAF), de esquemas problemáticos de compensação de carbono e da introdução de aeronaves movidas a hidrogénio e eletricidade”. Na sua opinião, todas estas soluções podem demorar décadas a fazer efetivamente a diferença, “pelo que é crucial que o setor reduza a sua pegada ambiental, entretanto”, optando por outras vias.
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