As taxas de Donald Trump foram anunciadas há alguns meses, com ajustes a serem conduzidos, entretanto. Inconsequentes e prejudiciais, até para os próprios americanos na perspetiva de muitos analistas, estas medidas estão a impactar negativamente as indústrias europeias, especialmente a automóvel.
O número de veículos de passageiros e carrinhas exportados do porto belga de Antuérpia-Bruges para os Estados Unidos caiu 15,9% no primeiro semestre deste ano, segundo dados da instalação, citados pela imprensa.
Além disso, as exportações de camiões e do que chamam “equipamentos pesados e de grande porte”, incluindo veículos de construção e tratores, caíram quase um terço, para 31,5%.
Sendo este um dos centros de transporte automóvel mais movimentados do mundo, o porto movimentou mais de três milhões de veículos só em 2024, tornando o declínio do primeiro semestre deste ano particularmente significativo.
Neste momento, a infraestrutura abriga milhares de veículos de marcas europeias, que estão parados, à espera de serem enviados para os Estados Unidos.
Fabricantes europeias mantêm esperança
Apesar das medidas impostas por Donald Trump para os produtos importados de países europeus, as fabricantes mantêm-se esperançosas relativamente à possibilidade de o Presidente norte-americano reduzir ou até cancelar a última rodada de taxas.
Segundo o porto belga de Antuérpia-Bruges, as perspetivas para o segundo semestre do ano “continuam incertas” e “dependerão da possibilidade de se chegar a um acordo comercial entre a [União Europeia] e os [Estados Unidos] até 1 de agosto”.
Com a pandemia, tivemos um confinamento, depois saímos do confinamento, depois voltámos ao confinamento, e as pessoas habituaram-se a lidar com isso depois de não estarem preparadas.
Disse Justin Atkin, representante do porto no Reino Unido e na Irlanda, explicando que, neste caso, “as pessoas falaram sobre as taxas na preparação [para Trump], mas acho que ninguém esperava o nível e a gravidade da ação imediata”.
Entretanto, apesar das semanas de negociações, as duas potências ainda não chegaram a um acordo comercial, o que poderá provocar um agravamento do cenário.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do porto de Antuérpia-Bruges, depois do Reino Unido. Além disso, há evidências de que os exportadores americanos estão, também, a antecipar o carregamento de mercadorias para tentar evitar quaisquer taxas que a União Europeia decida impor.