Respondendo, desde logo, francamente, não serão os carros elétricos a resolver o problema das alterações climáticas, na medida em que o problema é bem mais complexo do que isso. Contudo, para a Agência Internacional de Energia (em inglês, IEA), serão uma das soluções.
A IEA atualizou o seu relatório “Net Zero”, identificando os objetivos que devem ser alcançados, globalmente, antes de 2030, tendo em vista as emissões líquidas zero, em todo o mundo, até 2050.
O relatório data o ano de 2021, mas, agora, foi atualizado com o trabalho que tem sido realizado, desde aí. Além disso, estabelece o que deverá acontecer no setor energético global a médio e longo prazo.
Segundo a agência, os diferentes atores devem concentrar-se em “intensificar a eletrificação e os biocombustíveis”, por forma a “descarbonizar o transporte rodoviário até 2030”. A partir desse momento, “a eletrificação será a principal alavanca”.
As estimativas apontam que, em 2050, a eletricidade representará três quartos do consumo de energia no transporte rodoviário, e que o carro elétrico e os painéis solares desempenharão um papel fundamental na limitação do aquecimento global a 1,5 graus Celsius.
Apesar de destacar o “crescimento incrível” de algumas tecnologias de energia limpa, como a solar, ou o crescimento recorde na venda de carros elétricos, a IEA também destaca o aumento do investimento em combustíveis fósseis e as emissões “persistentemente elevadas”.
IEA aponta quatro objetivos principais a seguir
Para que os objetivos do relatório “Net Zero” sejam alcançados, a IEA propõe “acelerar seriamente” uma série de medidas durante esta década:
- Aumentar consideravelmente a venda de carros elétricos e bombas de calor;
- Triplicar a capacidade mundial de energia renovável;
- Dobrar a taxa anual de melhoria da eficiência energética;
- Reduzir em 75% as emissões de metano do setor energético.
Para a agência, estes objetivos são “alcançáveis se a geopolítica for deixada de lado”. De modo a acelerar a transição para uma energia mais limpa a partir do início da próxima década, será necessário investir quase 4,5 mil milhões de dólares todos os anos.
Sabemos o que precisamos de fazer e como fazê-lo. Mas também temos uma mensagem muito clara: uma cooperação internacional forte é crucial para o sucesso. Os governos devem separar o clima da geopolítica, dada a magnitude do desafio atual.
Partilhou o CEO da IEA, Fatih Birol.
Por sua vez, em declarações ao Electrek, o líder global de insights do think tank energético Ember, Dave Jones, disse que “triplicar a eletricidade renovável é a ação mais importante necessária nesta década para garantir uma rápida transição para longe dos combustíveis fósseis”.
A eletricidade é o novo petróleo, enquanto a eletrificação limpa ocupa o centro das atenções. Exige que os líderes mundiais pensem grande e construam grande.