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Projeto de camiões alimentados por catenárias atirou 200 milhões de euros para o lixo

Os números referem que 25% dos gases com efeito de estufa provenientes dos transportes rodoviários são causados por camiões de todas as dimensões. A UE quer a todo o custo reverter este problema. Em 2016, com as baterias ainda longe de proporcionarem o que proporcionam hoje, nasceu um projeto que visava implementar uma catenária sobre a faixa da direita das auto-estradas. Por aí os pesados de passageiros e mercadorias deveriam alimentar-se. Contudo… mais de 200 milhões de euros depois, tudo não passou de um fracasso!


Projeto de camiões elétricos alimentados por catenária não avançará

A União Europeia enfrenta um grande desafio: a transição dos transportes pesados para tecnologias mais limpas. Segundo as entidades reguladoras, 25% dos gases com efeito de estufa provenientes dos transportes rodoviários são causados por camiões de todas as dimensões. No total, são responsáveis por 6% de todos os poluentes de gases com efeito de estufa registados na Europa.

Devido ao seu enorme peso e à dificuldade de eletrificar este tipo de veículos, os objetivos da União Europeia parecem extremamente ambiciosos. Os marcos mais importantes consistem em conseguir uma redução destes gases nas seguintes percentagens:

Para atingir estes valores, a própria UE aposta nos camiões elétricos ou na utilização do hidrogénio, quer através de células de combustível, quer através da sua queima em motores de combustão. Mas tudo isto é uma evolução recente.

Em 2016, o mundo era muito diferente e as baterias elétricas para camiões eram ainda mais complicadas de implementar do que são agora. Foi por isso que a Siemens arranjou uma solução: colocar catenárias nas estradas. No entanto, sete anos depois, o desastre foi confirmado.

Tecnologia do passado para o futuro

Nem os veículos elétricos, nem esta ideia das catenárias nas estradas é novidade! Seguramente muitos ainda se lembram destas armações nas cidades portuguesas, assim como existiu um pouco por todo o mundo. Aliás, podemos mesmo recuar aos anos 50, 60… e até mesmo aos anos 80, para nos lembrarmos dos famosos tróleis, como o da imagem em cima, que circulava pelas ruas do Porto e de Gaia.

Neste tipo de veículo, um autocarro funciona com tecnologia totalmente elétrica ligada a uma catenária. Algo parecido com as carruagens do metro, mas sem a necessidade de criar uma via férrea.

O plano da Siemens era simples: implementar uma catenária sobre a faixa da direita das auto-estradas. Os autocarros híbridos poderiam funcionar com a energia da catenária enquanto estivessem ligados ou, pelo contrário, funcionar com o seu motor diesel quando estivessem fora da catenária. O investimento na estrutura para alimentar o veículo com energia elétrica deverá compensar largamente o custo do combustível e reduzir as emissões poluentes.

No mesmo mês de junho, a Suécia abriu a sua primeira estrada com este curioso sistema já instalado. O projeto teve eco na Alemanha, onde têm vindo a testar as suas vantagens. Em 2019, abriram a sua primeira estrada elétrica, compatível com camiões híbridos, elétricos e movidos a pilhas de combustível. Segundo os seus cálculos, só a eletrificação de 4000 quilómetros de estradas poderia poupar entre 10 e 12 milhões de toneladas de CO2.

O projeto-piloto consistiu em três instalações diferentes em locais específicos do país. A Continental e a Siemens, que investiram no projeto, esperavam fazer testes em maior escala em 2023. No Reino Unido, os primeiros ensaios terão início em 2024.

Agora, os planos para eletrificar as estradas da Alemanha parecem ter-se esfumado.

 

200 milhões “em sucata”

Embora desde 2019 tenha havido avisos de que o sistema poderia ser menos eficiente do que o esperado (na altura falava-se de uma poupança de combustível de 10%), agora a Universidade Técnica de Darmstadt mostrou que a redução das emissões seria entre 16 e, no máximo, 22% do CO2 emitido.

Uma diferença em relação aos camiões a diesel que não compensaria um maior investimento na tecnologia.

Os testes registaram também problemas com o posicionamento GPS dos camiões, desgaste excessivo da infraestrutura, isolamento defeituoso e até um acidente que obrigou a parar os testes durante meses para reparar a infraestrutura.

Para completar a má experiência, algumas infraestruturas concluídas desde 2018 não dispõem de camiões para realizar os testes, uma vez que o Ministério Federal do Ambiente atrasou a encomenda dos protótipos de camiões à Scania e só agora é que todas as unidades foram entregues.

Finalmente, 191 milhões de euros depois, a primeira pista de testes da Alemanha será desmantelada. O projeto foi duramente criticado pel

Pelo montante das experiências, poderiam ter sido comprados quase 2000 camiões diesel modernos com as últimas normas de emissões.

Disse o porta-voz do partido Os Verdes da Alemanha, que criticou duramente o projeto.

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