Uma das fabricantes mais comprometidas com o combustível sintético é a Porsche, que vê esta alternativa como “fundamental” para descarbonizar o setor. Explicamos-lhe como se produzem os controversos e-fuels.
Aquando do anúncio da proibição da venda de carros com motor de combustão interna, em prol dos carros elétricos, o combustível sintético foi apontado como exceção clara, por exemplo, pela Alemanha. A contestação deu frutos e a restrição desta alternativa foi levantada.
O balanço de emissões de dióxido de carbono do combustível sintético é, teoricamente, neutro. Por isso, há fabricantes a investir nesta alternativa, confiantes do seu papel na transição energética. Uma delas é a Porsche que, conforme já vimos, está muito comprometida em manter os seus clássicos a diesel vivos.
A fabricante já defendeu que o combustível sintético é fundamental para descarbonizar o setor, uma vez que, atualmente, existem 1,3 mil milhões de veículos térmicos, em todo o mundo, que continuarão a circular nos próximos anos.
Ainda assim, não descarta os elétricos: apesar do compromisso com o combustível sintético, 80% dos carros vendidos pela Porsche, em 2030, serão elétricos.
Combustível sintético da Porsche
A Porsche detém uma participação de 11,6% na Highly Innovative Fuels, uma empresa que explora uma fábrica-piloto de produção de combustíveis sintéticos, em Punta Arenas, no Chile. Os ventos desta zona permitem que as turbinas eólicas funcionem, plenamente, durante 270 dias por ano.
O primeiro passo do processo de fabrico do combustível sintético consiste em obter hidrogénio a partir da água, por eletrólise, o que requer a utilização de energia elétrica. Além do hidrogénio, é necessário um segundo componente: o dióxido de carbono.
Esse gás pode ser separado do ar através da captura direta, que consiste em fazê-lo passar por um filtro que retém as moléculas de dióxido de carbono. Uma vez preenchidos todos os espaços, o filtro é fechado e aquecido, libertando o CO2 para, depois, ser aspirado para um depósito.
Um litro de combustível sintético requer o hidrogénio de três litros de água do mar dessalinizada e o dióxido de carbono de 6 000 metros cúbicos de ar. A partir desses dois ingredientes, sintetiza-se o metanol, que, depois, é convertido em combustível adequado para os automóveis de passageiros.
Uma das vantagens apontadas aos combustíveis sintéticos é o facto de os motores de combustão interna não precisarem de ser adaptados. Afinal, são idênticos à gasolina e ao gasóleo convencionais.
Tendo em conta que a combustão dos sintéticos não liberta qualquer dióxido de carbono, além do que é extraído do ar durante a produção, o balanço é, no papel, neutro.