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Veículos elétricos têm um custo oculto, não são assim ecológicos

A questão dos veículos elétricos (EVs) terem “emissões zero” tem sido contestada por várias instituições. Contudo, há um apoio cada vez maior por parte dos governos para aumentar o “consumo” deste tipo de veículo em detrimento dos outros movidos a combustíveis fósseis.

Os EVs, segundo o MIT, têm uma pegada ambiental maior que os veículos de combustíveis fósseis. Será que só se está a olhar para o escape?


Veículos elétricos mais poluentes que os fósseis?

Os fabricantes de automóveis elétricos receberam na semana passada, por parte da União Europeia, um novo e revigorante impulso, isto porque a Comissão Europeia propôs tetos rígidos sobre as emissões dos veículos como forma de lutar contra o aquecimento global e para ajudar a fechar um fosso tecnológico com a China.

A nação asiática é a maior adepta e produtora mundial de veículos elétricos, e este ano ultrapassou os EUA em termos de número de EVs na estrada, com novas inscrições que aumentaram em cerca de 70% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo assim cerca de 350 mil unidades em uso, face a um crescimento ténue da Europa que cresceu apenas 7%.

Todas estas medidas agora forçadas têm como objectivo atingir as metas acordadas no protocolo de Quioto, isto para um mercado que está em rápida expansão. Os legisladores da UE ameaçaram com pesadas multas financeiras os fabricantes de automóveis que não consigam reduzir as emissões dos escapes em 30% entre 2020 e 2030.

 

Uma jogada de mestre

Em virtude desta nova meta, as pressões podem ser consideradas como uma jogada inteligente com o cunho de instituições internacionais. A Agência Internacional de Energia declarou no início deste ano, que as vendas de EVs tiveram um crescimento em cerca de 60% em 2016, superando a marca de 2 milhões de veículos.

Pode parecer um número ainda muito residual face aos milhões de veículos que circulam nas estradas do mundo, mas olhando atentamente este valor é um desenvolvimento surpreendente para um segmento de mercado que era praticamente inexistente há apenas cinco anos.

Embora os EVs ainda representem apenas 0,2 por cento de todos os veículos ligeiros e sejam ainda mais caros que os seus concorrentes a diesel ou a gasolina, o crescimento rápido do mercado só deverá continuar enquanto os governos forçarem as políticas de redução de CO2, num esforço para responder aos objetivos traçados no acordo de Paris.

 

Elétricos com emissões “pouco amigáveis”

Esta mudança de paradigma ajudado com as novas políticas têm, contudo, um problema. Os veículos elétricos ainda não conseguiram alcançar a sua reputação. Embora possam ter sido promovidos como “emissão zero”, analisando todo o processo de fabrico – não apenas os fumos que eles emitem – é mostrado que eles têm a capacidade de criar um impacto ambiental muito maior do que o assumido. O chamado “tubo de escape longo” dos carros elétricos deve ser um alerta para os reguladores da UE, fazendo com que estes possam adotar a análise do ciclo de vida antes de incentivar a indústria a produzir EVs.

A comparação da pegada de carbono do elétrico Tesla Model S P100D e do Mitsubishi Mirage convencional, levou os investigadores do MIT a mostrar o dilema que enfrentam agora os reguladores. De acordo com os seus dados, um Tesla conduzido no meio-oeste dos EUA produz 226g de dióxido de carbono por quilómetro ao longo do seu ciclo de vida, muito inferior ao 385g emitido pelo série 7 da BMW. No entanto, o humilde, o Mirage de motores de combustão produz ainda menos CO2, ficando em 192g.

 

EVs – China poderá ser o trunfo pouco abonatório

Ao ver desta forma e comparando todo um ciclo de produção e consumo, os dados focados só nas emissões de escape pode perder o significado que não é o correto na avaliação do impacto ambiental. E nenhum país demonstra esse enigma melhor do que a China, onde o governo tem vindo a promover agressivamente os EVs como uma arma fundamental na luta contra a poluição e como pedra angular de uma nova política industrial conhecida como “Made in China 2025”.

Em resposta às medidas de Pequim, a indústria doméstica de EV tem crescido, com vendas de veículos elétricos e híbridos que deverão chegar a 5 milhões até 2020.

 

O problema está na fonte

A política de subsídios do governo para a indústria dos veículos elétricos corre o risco de piorar a poluição atmosférica, e não melhor. Novos estudos demonstraram que os EVs carregados na China produzem até cinco vezes mais partículas e produtos químicos que produzem poluição atmosférica em comparação com carros a gasolina – o que significa que, na China, as centrais de energia elétrica de combustíveis fósseis que não dependem de EVs são muito mais importantes para reduzir as emissões.

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