Enquanto diretor-executivo da terceira marca mais vendida da Europa, Klaus Zellmer explorou o estado da marca que lidera, mas avaliou as políticas de incentivo aos carros elétricos. Na sua opinião, indo ao encontro de outros líderes, os modelos movidos a bateria “são uma evolução, não uma ideologia”.
A liderar a Škoda desde 2022, Klaus Zellmer é um dos responsáveis pela saúde da marca checa, especialmente numa altura em que várias fabricantes europeias batalham para conquistar clientes e sobreviver à pressão do mercado.
De facto, neste momento, há marcas a perder vendas e lucros por diversas razões, nomeadamente taxas, aumento de custos, investimento em automóveis elétricos e crescimento das empresas chinesas.
Aparentemente, contudo, nenhuma destas variáveis parece preocupar a Škoda, cujo diretor-executivo já havia feito intervenções desalinhadas com a generalidade do mercado.
Vantagens da Škoda relativamente ao mercado
Numa entrevista recente à Autocar, Klaus Zellmer falou sobre a política de controlo de custos da empresa e explicou que, “para começar, fabricamos a maioria dos nossos automóveis na República Checa, onde os custos de produção são mais baixos, tanto os de pessoal como os energéticos”.
Mais do que isso, revelou que a marca tem “menos burocracia, algo que constitui um enorme encargo noutras partes da Europa”.
A República Checa continua fora da zona euro e, embora os trabalhadores das fábricas da Škoda estejam entre os operários mais bem pagos do país, ainda assim é um lugar acessível para viver. Beneficiamos disso, mas essa é apenas uma parte da história.
Klaus Zellmer mantém-se tranquilo em relação aos elétricos da China
Embora a indústria automóvel europeia tema, de alguma forma, a ofensiva chinesa, cuja oferta tem chegado e conquistado clientes, Klaus Zellmer mantém-se tranquilo relativamente ao elevado número e variedade de fabricantes chinesas que entraram nos mercados internacionais.
Algumas dessas marcas irão manter-se, outras não. Como marca com 130 anos de história, não fazemos parte da lista de compras de toda a gente, mas a notoriedade existe e isso serve de ponto de partida. É relevante.
Na mesma entrevista, partilhou que “os novos concorrentes têm de compensar a falta de trajetória; precisam de mostrar que vieram para ficar e isso é algo com que as pessoas se identificam quando pensam na Škoda”.
Conforme assegurou, contrariando a frieza com que muitas empresas tratam, hoje, os seus clientes, a marca veio para ficar, para estabelecer ligação com os clientes, para aconselhá-los, para ajudá-los caso surja algum problema, para responder às suas perguntas.
Mais um executivo a alertar sobre um objetivo demasiado ambicioso
Sobre os carros elétricos, Klaus Zellmer foi ao encontro do que outros executivos já partilharam: a escolha deve ser dos consumidores.
Colocamos sempre os nossos clientes em primeiro lugar. A nossa gama de produtos deve ser abrangente para um público que quer ser responsável pelas próprias decisões. Não somos do tipo que fala de veículos elétricos de bateria de forma quase ideológica. Limitamo-nos a fabricar automóveis realmente bons e, se os consumidores gostarem deles, compram-nos.
Disse o diretor-executivo, vendo a transição para a mobilidade elétrica como um processo de evolução.
Respeitamos as preferências dos clientes e adaptamo-nos a elas, não a uma ideologia. Naturalmente, devemos manter a neutralidade carbónica. É uma exigência que cumpriremos e estamos bem encaminhados para isso na [União Europeia].
Contudo, “no final, são os consumidores que tomam as decisões”. Na sua opinião, tendo em conta o caminho até agora, manter 2035 como prazo final para a tecnologia de combustão interna nos veículos novos “será provavelmente demasiado ambicioso”.
Aliás, “se alguém perceber que errou nas previsões, deve corrigi-lo”.
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