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Como conseguiu a China passar ao lado do gigante colapso tecnológico global

No passado dia 19 de julho, o planeta sofreu um “apagão cibernético” que afetou os sistemas de computadores em todo o mundo. Os danos causados atingiram vários setores, da aviação, aos sistemas hospitalares, passando pelas telecomunicações, empresas em geral, até aos poderosos serviços bancários. A causa teria sido uma falha global no sistema da Microsoft e nos serviços da CrowdStrike. Contudo, a China parece ter passado ao lado desta crise. Por quê?


O mundo de pernas para o ar… menos a China

Foram umas horas complicadas. O mundo lidava com ecrãs BSOD e muitas operações foram impactadas. Há um mapa ilustrativo nos EUA do impacto que este problema teve, por exemplo, na aviação.

Neste embaraço de problemas, debatiam-se medidas de contenção e resolução, sem que houvesse uma resposta pronta. Enquanto isso, a China assistia sem sobressalto ao pandemónio em grande parte da Europa, América do Sul, dos EUA, Austrália e nalguns países asiáticos. A pergunta que se impõe é: por quê?

A razão é bastante simples: o CrowdStrike é pouco utilizado na China. Segundo informações, é residual a utilização deste software da empresa americana por parte de empresas e organizações chinesas. Esta empresa no passado foi bastante crítica relativamente à ameaça cibernética representada por Pequim.

Além disso, a China não depende tanto da Microsoft quanto o resto do mundo. Empresas domésticas como Alibaba, Tencent e Huawei dominam o setor de serviços na cloud. Como tal, os relatos de interrupções na China, quando ocorreram, foram principalmente em empresas ou organizações estrangeiras.

Nas redes sociais do país, alguns utilizadores reclamaram que não conseguiam fazer check-in em cadeias internacionais de hotéis como Sheraton, Marriott e Hyatt nas cidades chinesas.

Splinternet: China cada vez usa menos software e serviços ocidentais

Nos últimos anos, organizações governamentais, empresas e operadores de infraestrutura têm substituído cada vez mais os sistemas de TI estrangeiros por nacionais. Alguns analistas chamam a esta rede paralela de “splinternet“.

A Microsoft opera na China através de um parceiro local, a 21Vianet, que gere os seus serviços de forma independente da sua infraestrutura global. Este arranjo isola os serviços essenciais da China – como bancos e aviação – de interrupções globais.

Pequim vê a redução da dependência de sistemas estrangeiros como uma forma de fortalecer a segurança nacional.

Basicamente, esta é a resposta ao que alguns países fizeram com tecnologias de empresas chinesas, como, por exemplo, a Huawei, que foi banida de muitos países, depois de pressões americanas, em 2019. Outro caso foi a decisão do Reino Unido de proibir o uso do TikTok, de propriedade chinesa, em dispositivos governamentais em 2023.

Desde então, os Estados Unidos lançaram um esforço concentrado para proibir a venda de tecnologias avançadas de chips semicondutores para a China, além de tentar impedir que empresas americanas invistam em tecnologia chinesa. A mensagem dos EUA gravita nas questões de segurança nacional.

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