A China lançou com êxito um satélite para testar a capacidade de ligação à Internet a partir do espaço. A gigante asiática tem como objetivo oferecer um serviço semelhante à Starlink, alimentada por uma mega-constelação de milhares de satélites a instalar na órbita baixa da Terra.
Gigante asiática lança satélite de teste do projeto Guowang
A China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC) confirmou o lançamento de um foguetão Long March 2D a partir do centro de lançamento de satélites de Xichang. Segundo o China Daily, o foguetão transportava o satélite “Space-based Internet Technology Demonstrator”, concebido pela Academia de Inovação de Microssatélites da Academia Chinesa de Ciências.
Embora os meios de comunicação locais tenham omitido pormenores sobre o satélite, este não foi o único lançamento realizado para testar este projeto. Em julho, o maior contratante espacial da China enviou dois satélites para o espaço a bordo de um Long March 2C, um foguetão de 43 metros que será utilizado para futuras constelações.
Os primeiros indícios da Starlink da China surgiram já em 2018, embora só em 2020 o país asiático tenha solicitado uma atribuição de espetro à União Internacional das Telecomunicações. O pedido especificava a intenção da China de construir e implantar duas constelações na órbita baixa da Terra.
O projeto Guowang (GW) seria composto por 12.992 satélites, com altitudes entre 500 e 1 145 km e operaria em várias bandas de frequência.
Meses mais tarde, Bao Weimin, chefe do Comité de Ciência e Tecnologia da CASC, afirmou numa entrevista que os primeiros satélites estavam a ser construídos. Weimin declarou que o Estado assumiria o planeamento e a exploração da rede Guowang através de uma nova empresa.
A Starlink da China será mais potente e terá capacidades militares
Os planos para competir com a Starlink ganharam força durante os primeiros meses de 2023, embora o projeto já não incluísse apenas ofertas de Internet. Um relatório do South China Morning Post detalhou que os militares chineses utilizarão a constelação Guowang para espiar os seus adversários.
Estes satélites podem ser colocados em altitudes orbitais que a Starlink não alcançou e são capazes de neutralizar a concorrência. Xu Can, professor da Universidade de Engenharia Espacial de Pequim, explicou que os satélites GW podem ser equipados com cargas úteis anti-Starlink. A China acredita que a constelação da SpaceX monitoriza o espaço e serve o Departamento de Defesa dos EUA.
O professor revelou que o governo tem planos para construir radares mais potentes para identificar e seguir os satélites Starlink. Se necessário, os militares poderiam neutralizá-los com raios laser ou micro-ondas de alta potência. Xu Can disse que os EUA podem tirar partido da capacidade de manobra orbital da Starlink para atacar e destruir alvos próximos no espaço.
Nesta fase, não há pormenores sobre as especificações destes satélites nem sobre a data em que o serviço de Internet estará disponível na China. O país asiático está a trabalhar arduamente para construir uma constelação que faça frente à Starlink.
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