Uma rede social serve, à partida, para partilha de conteúdos e de opiniões entre os vários utilizadores. Contudo, a liberdade de tópicos é tão grande que chegam a ser construídos feeds carregados de desinformação e repletos de discurso de ódio. Assim, o seu propósito desvanece-se e entramos numa espiral da qual é difícil sair.
Uma das grandes fontes de lucro de várias redes sociais é a publicidade paga por marcas que dispõem de anúncios por toda a rede. De forma a combater a falta de ação no combate à desinformação e ao discurso de ódio, várias são as marcas que estão a boicotar o Facebook.
A publicidade em troca da consciência
A fim de combater a desinformação e o discurso de ódio, mais de 160 empresas, como a HP, Microsoft, Starbucks, Pepsi, Coca-Cola, Adidas e Lego começaram a suspender a publicidade no Facebook, no final da semana passada. Este movimento provocou uma queda nas ações da empresa de 3,6%, desde sexta-feira, e pode durar de 1 a 6 meses.
Estamos comprometidos em ter um impacto positivo nas crianças e no mundo que virão a herdar. Isso inclui contribuir para um ambiente digital positivo e inclusivo, livre de discurso de ódio, desinformação e discriminação.
Disse Julia Goldin, responsável de marketing da Lego.
Apesar do grande número de anunciantes, a maioria são pequenas e médias empresas, que não investem tanto quanto as responsáveis pelo boicote. Ainda assim, representam um impacto financeiro de cerca de 60 mil milhões de dólares (53 mil milhões de euros) no Facebook.
Boicote ao Facebook aliado ao movimento #StopHateForProfit
Esta decisão está associada à ligação das marcas com o movimento #StopHateForProfit (em português, Pare o Ódio Pelo Lucro), criado por organizações de direitos civis dos Estados Unidos da América. O motivo de maior força foi a quantidade de desinformação e preconceito que circulou nas redes sociais face às manifestações antirracistas nos EUA.
A National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), a Fighting Antisemitism and Hate e a Color of Change são três das organizações responsáveis pelo movimento. O objetivo é consciencializar sobre a presença assídua de discurso de ódio nas redes sociais, influenciando pensamentos e atitudes, e a necessidade de a combater.
Facebook é o principal visado destas medidas
Assim sendo, o boicote das várias empresas levou a que Mark Zuckerberg avançasse com um conjunto de medidas para combater a desinformação e o discurso de ódio. Ademais, anunciou que vai proibir anúncios políticos que difamem minorias.
Apesar de, como foi dito pelo CEO do Facebook, o prejuízo não ter sido muito grande, é uma ação que está a despertar consciências e a encetar mudanças.