Para uns, uma solução inteligente para resolver um problema que tem custado muito dinheiro ao país, para outros, “uma prisão flutuante” para refugiados. Conheça o Bibby Stockholm, um navio que está a gerar muita controvérsia no Reino Unido.
O Bibby Stockholm é uma barcaça sem motor da Bibby Marine Limited, uma empresa sediada em Liverpool que presta serviços de transporte e alojamento flutuantes. À semelhança de outras que já existem, este foi concebida para oferecer alojamento perto da costa.
Com 222 cabines e capacidade para 506 pessoas, assegura serviços de cozinha, bar, sala de jogos e ginásio, assumindo-se como um verdadeiro hotel flutuante. Aliás, há empresas que veem nela e nos seus semelhantes uma solução para mobilizar os seus funcionários para trabalhar em locais remotos.
De acordo com as especificações técnicas, mede 93,44 m de comprimento, 27,43 m de largura, e tem uma arqueação bruta (GT, do inglês: gross tonnage) de 10 659 toneladas. O seu ponto mais alto situa-se nos 17,1 m.
Mas o que tem esta barcaça de especial? Vai alojar refugiados…
A origem do Bibby Stockholm remonta a 1976, quando foi construído, nos Países Baixos. Algum tempo depois, foi convertido numa barcaça destinada ao alojamento.
Ao entrar a bordo, temos a sensação de estar num velho barco noturno ou num motel à moda antiga. É como estar num ambiente ligeiramente desbotado dos anos 80 e 90 […] alguns espaços comuns foram convertidos em quartos de dormir extra para quatro a seis homens.
Disse um repórter da BBC, citado pelo Xataka.
Durante os últimos anos, o Bibby Stockholm tem sido utilizado para alojar trabalhadores. Contudo, as autoridades de Roterdão e Hamburgo também viram nele uma oportunidade para alojar sem-abrigo ou refugiados – embora o The Guardian recorde um relatório de 2008 da Amnistia Internacional que alertava para os traumas psicológicos sofridos pelas pessoas alojadas na barcaça, nos Países Baixos.
Agora, apesar da polémica, o Reino Unido também quer transformar o Bibby Stockholm num alojamento flutuante para refugiados – especificamente aqueles com o seguinte perfil: homens solteiros e adultos entre os 18 e os 65 anos. Embora não tenha capacidade para albergar todos eles, o objetivo passa por aliviar a pressão que a sua acomodação exerce sobre os cofres públicos.
Se para uns este alojamento atracado na ilha de Portland se trata de uma solução “funcional”, para outros é nada mais do que uma “prisão flutuante”, pelo seu histórico e pelo que pode representar para quem for convidado a ficar alojado. Para o Ministério do Interior, a instalação é “básica e funcional”, mas, para os críticos, trata-se de uma prisão na água.
Segundo um jornalista do The Guardian, que visitou o espaço, as “cabines são pouco maiores do que uma cela” e, apesar de não estarem oficialmente detidos, os refugiados são “controlados dentro dos limites da lei”. Durante a sua permanência, serão oferecidos autocarros, permitindo que atravessem o porto e cheguem a lugares “acordados”, onde poderão passar o tempo livre e fazer compras.
🗣️ Home Office spokesperson on The Bibby Stockholm arrival at Portland Port. pic.twitter.com/5RpyZ3u4l6
— Home Office (@ukhomeoffice) July 19, 2023
Espera-se que os 50 primeiros refugiados que ocuparão o alojamento se estabeleçam “nas próximas semanas” e que a barcaça sirva de casa durante pelo menos 18 meses – período definido para teste.
As Organizações Não-Governamentais Reclaim the Seas e One Life to Live divulgaram um relatório no qual concluem que o ministério conseguirá poupar, no máximo, 9,28 libras por pessoa, por dia.