No início de maio a NASA lançou a sonda InSight rumo a Marte. Passados estes meses, chega a hora da sonda iniciar a parte crítica desta missão.
Hoje, pelas 20 horas, iremos seguir a difícil tarefa que a sonda InSight irá desempenhar ao tentar entrar, descer e aterrar na superfície do planeta vermelho.
Vários países tentaram e não conseguiram o que a NASA já o fez por várias vezes. Aterrar em Marte não é fácil. Apenas cerca de 40% dos landers e rovers enviados ao planeta vermelho, durante as últimas cinco décadas, chegaram à superfície em segurança, e das agências espaciais internacionais que tentaram, apenas a NASA conseguiu fazer essa proeza suave e em condições.
Nesta missão, os responsáveis da NASA estão mais confiantes que das outras vezes. Esta confiança resulta de um sistema novo de descida que será usado pela InSight. Este sistema já foi testado antes na sonda Phoenix há mais de 10 anos.
Relembrar a Phoenix
A Phoenix foi uma sonda espacial não-tripulada da NASA, lançada de Cabo Canaveral no dia 4 de agosto de 2007, com o objetivo de pesquisar moléculas de água na região do Pólo Norte do planeta Marte.
A sonda pousou em Marte a 25 de maio de 2008 e operou até 2 de novembro de 2008, data da última comunicação com a Terra. A NASA anunciou o fim da missão em 10 de novembro de 2008.
InSight – Hoje é um dia importante para a exploração de Marte
Hoje, pelas 20 horas, a sonda InSight seguirá uma trajetória semelhante, entrando na atmosfera marciana a uma altitude de 125 km.
Contará para esse processo com uma combinação de escudo de calor, paraquedas e propulsores a bordo para mitigar o aquecimento e diminuir a sua velocidade de quase 20.000 km/hora para cerca de 10 km/h – um fator de 2.000 – antes que as suas três pernas de pouso toquem na superfície de Marte.
A NASA tem estado nos últimos dias em modo de “piloto manual” a levar a nave até ao destino corrigindo alguns pormenores para garantir que a InSight entrará na atmosfera marciana no ângulo adequado, cerca de um quarto de grau.
Se a InSight entrar muito plana à atmosfera poderá ser afastada e se o ângulo de entrada for muito íngreme produzirá muito aquecimento térmico.
O primeiro contacto com o solo
Foram analisados vários locais onde a sonda poderia pousar com algum “conforto”. Para este local existem vários requisitos a ter em consideração. Isto porque o veículo tem 3 pernas e terá de ficar imóvel assim que pousar.
A escolha de um bom local de pouso em Marte é muito como escolher uma boa casa: localização, localização, localização. E, pela primeira vez, a avaliação de um local de pouso em Marte teve que considerar o que ficava abaixo da superfície de Marte. Precisávamos não só de um local seguro para a aterragem, mas também de um espaço de trabalho penetrável pela nossa sonda com 5 metros de comprimento.
Referiu Tom Hoffman, responsável pelo projeto InSight no JPL.
A sonda irá pousar perto do equador, no Elysium Planitia ocidental, a cerca de 600 km ao norte de onde o rover Curiosity está atualmente localizado.
O trabalho da InSight é estudar o interior profundo de Marte
Do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, os engenheiros têm um bom controlo sobre a abundância de rochas na região de aterragem, que é bastante baixa, então eles não esperam que a InSight caia sobre uma zona rochosa. E embora seja a estação de tempestades de poeira em Marte, atualmente não há tempestades em toda a superfície.
Além da questão geológica, o local também necessita de ser brilhante o suficiente e quente, isto porque é muito importante haver condições perfeitas para alimentar as células solares e manter os seus componentes eletrónicos dentro dos limites de temperatura ideal durante um ano marciano completo (que são 26 meses terrestres).
Os engenheiros da NASA e da Lockheed não saberão imediatamente se a nave aterrou com segurança, isto porque dada a distância, as informações demoram cerca de 8,1 minutos a chegar de Marte à Terra.
Para essas comunicações, estarão a auxiliar o processo dois CubeSats que foram lançados com a InSight, MarCO-A e -B. Estes satélites irão transmitir dados sobre a aterragem em “tempo real”. Este é também um teste experimental que a NASA está a fazer e poderá haver alguns elementos surpresa durante esta transmissão.
A NASA também desenvolveu um sistema de back-up, a InSight enviará um dos dois tons através de um sinal UHF para a Terra, imediatamente após o toque. Um desses sinais significará que tudo é nominal e o outro significará que a nave pousou, mas está em modo “seguro” por algum motivo. (Se nenhum sinal for recebido, obviamente não será bom sinal).