O carregamento sem fios, no mercado dos dispositivos móveis, é a principal tecnologia que visa acabar de vez com o emaranhado de cabos. O fio, como requisito para carregamento, poderá estar no final de vida. Isto porque cada vez há mais opções, mais baratas e inovadoras. A Apple correu atrás deste mercado e trouxe ao iPhone o MagSafe.
A empresa de Cupertino já usa há alguns anos o carregamento sem fios e até tentou fazer incursões mais arrojadas neste segmento, mas falhou com o AirPower. Contudo, com esta nova tecnologia dentro da sua oferta, poderá querer mais que remover os cabos. Contamos tudo.
Carregamentos wireless ainda são uma escolha para nicho
Apesar de estarmos já a ter produtos com excelente qualidade em termos de segurança e velocidade, ainda são poucos os utilizadores que usam esta tecnologia. Claro, a responsabilidade também está na oferta. Atualmente a tecnologia está ainda numa fase jovem e a percentagem de dispositivos no mercado que aproveitam esta característica é ainda muito reduzida.
Com a introdução do MagSafe nos novos modelos de iPhone 12 da Apple, a empresa vem sublinhar ainda mais a importância deste tipo de carregamento no futuro dos dispositivos móveis. Uma dúvida que se coloca, no entanto, é em que se difere exatamente esta tecnologia da Apple e o que vem trazer de novo ao mercado?
Carregamento por indução ressonante
Há uns anos já havíamos abordado esta temática. Era dito à altura que o carregamento sem fios é uma tecnologia que começou a ser aplicada em dispositivos eletrónicos ainda durante os anos 90, tendo sido trazido apenas em 2012 para os dispositivos móveis.
De uma forma muito resumida, o carregamento sem fios moderno depende das propriedades dos campos magnéticos e na habilidade de conseguirem influenciar outros meios sensíveis a este tipo de magnetismo. Este carregamento indutivo faz uso de duas bobinas, onde a eletricidade aplicada numa primeira (transmissor) cria um campo magnético no seu redor, que gerará uma corrente elétrica numa segunda bobina (recetor) que se encontra suficientemente próxima.
Do ponto de vista do consumidor, este sistema é empregue aplicando uma bobina em qualquer tipo de dispositivos de carregamento, por exemplo, um suporte, um candeeiro ou até mesmo uma secretária.
Da mesma forma, é necessário aplicar uma outra bobina do lado do dispositivo recetor, neste caso, um qualquer smartphone, que irá “captar” o campo magnético e gerar a corrente necessária para o carregamento do dispositivo.
Existem, atualmente, dois standards dentro do carregamento sem fios: o QI, produto de um grupo de empresas chamado Wireless Power Consortium e o PowerMat da Airfuel Alliance.
A Apple começou a aplicar este tipo de carregamento indutivo em 2017, com o lançamento do iPhone 8 fazendo uso da tecnologia QI como standard predefinido, permitindo a utilização de uma vasta gama de acessórios no mercado que possibilitam o aproveitamento desta tecnologia.
MagSafe – Uma melhoria que faz toda a diferença
Com o lançamento dos novos modelos de iPhones 12 em outubro de 2020, a Apple anunciou uma nova característica, o MagSafe. Este tipo de mecanismo foi introduzido na gama de produtos da marca durante o lançamento do MacBook Pro, em 10 de janeiro de 2006. Este representa um tipo de conetor magnético utilizado no carregamento dos portáteis da empresa.
Desta vez a empresa decidiu trazer esta tecnologia para os dispositivos móveis, aperfeiçoando o conceito e tornando o carregamento sem fios já existente nos modelos de smartphones anteriores, mais eficiente.
De que forma? Tentando aliviar um dos principais entraves neste tipo de carregamento. O alinhamento do dispositivo recetor com a base é crítico e influenciará largamente a eficiência do carregamento em questão.
Um alinhamento perfeito resultará numa melhor receção de potência e numa redução dos tempos de carregamento. Pelo contrário, existe a possibilidade do alinhamento não ser sequer suficiente para a receção de nenhuma potência, impedindo que o smartphone entre no habitual modo de carregamento.
Assim, foi uma solução desenvolvida pela Apple para contornar este problema de uma forma fácil e garantindo a melhor prestação possível aos seus clientes.
Uma versão melhorada do carregamento sem fios com suporte QI foi criada, adicionando anéis de ímanes à carcaça do dispositivo, sendo o alinhamento feito automaticamente quando conectado a um carregador compatível com MagSafe.
MagSafe – Máximo proveito
É importante considerar que o carregamento sem fios ainda se encontra em evolução. Assim, este não é, atualmente, a forma mais eficiente de carregar o nosso iPhone. As perdas dissipadas por esta tecnologia são grandes.
Então, se quisermos um carregamento completo no menor espaço de tempo possível, a ligação a um conetor Lightning continua a ser a melhor escolha.
É relevante mencionar o esforço da Apple em retirar o máximo proveito desta nova funcionalidade. Para tal, foi tomada a decisão de alterar os níveis de potência máxima aquando a utilização do MagSafe, possibilitando a drenagem até 15W nos modelos iPhone 12 e Pro e até 12W de pico no modelo iPhone 12 mini, comparativamente aos mais reduzidos 7.5W dos carregadores Qi já existentes.
E retrocompatibilidade, há?
De um ponto de vista mais prático, todos os acessórios com compatibilidade MagSafe irão ser inseridos e retirados de forma perfeita. Existe algum esforço, mínimo, as faz parte da forma como estes se agarram ao dispositivo. Segundo os utilizadores, isto é um ponto positivo.
Outro aspeto importante é a compatibilidade do MagSafe com os convencionais carregadores QI. Assim, todos os novos modelos de smartphones com a aplicação desta tecnologia continuarão a funcionar com os antigos carregadores. Contudo, poderá não haver é a possibilidade do alinhamento automático.
Em suma, esta tecnologia wireless tem o seu espaço no nosso quotidiano. Assim, é possível retirar uma eficiência sólida, desde que algumas boas práticas sejam cumpridas.
Entre as mais importantes do ponto de vista do utilizador, é a remoção prévia de qualquer capa exterior ou acessório. Isto porque se não forem talhados para permitir a passagem, serão um problema, já que irão aumentar a distância entre as duas bobinas. E, como sabemos, a proximidade entre estes dois pontos é um fator essencial para o seu correto funcionamento.
Por João Filipe para o Pplware