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Legislador de Nova Iorque quer proibir o uso de robôs armados pela polícia

O Departamento de Polícia de Nova Iorque está a testar o Digidog, que afirma poder ser implantado em situações perigosas e manter os polícias mais seguros. Contudo, algumas vozes já manifestaram preocupação, temendo que esta ferramenta de vigilância se torne agressiva. Como tal, um legislador de Nova Iorque quer proibir o uso de robôs armados pela polícia.

O vereador Ben Kallos disse que “assistiu com horror” no mês passado à polícia municipal a responder a uma situação de reféns no Bronx, usando o Digidog da Boston Dynamics.


Digidog: Utilizar robôs polícia poderá ser uma solução de futuro?

O polícia utilizou o cão robótico operado remotamente e equipado com câmaras de vigilância. As fotos do Digidog tornaram-se virais no Twitter, em parte devido à sua semelhança com máquinas que acabam com o mundo na série de ficção científica da Netflix, Black Mirror.

Assim, Kallos propõe o que pode ser a primeira lei do país que proíbe a polícia de possuir ou operar robôs armados.

Este tipo de ferramentas é usado há muitos anos. Contudo, com o apogeu das redes sociais, o efeito de haver gravações sobre o comportamento destas máquinas parece estar a causar uma nova preocupação.

Eu acho que ninguém estava a prever que eles realmente seriam usados agora ​​pela NYPD. Não tenho nenhum problema em usar um robô para desarmar uma bomba, mas tem que ser o uso correto de uma ferramenta e o tipo certo de circunstância.

Referiu o vereador Ben Kallos.

 

A lei quer impedir robôs armados

Segundo o que o legislador quer propor, o projeto de lei não irá proibir a utilização de robôs desarmados como o Digidog, apenas serão banidos os robôs armados. Contudo, especialistas em robótica e especialistas em ética dizem que ele explorou as preocupações com a crescente militarização da polícia.

As forças de segurança têm hoje um acesso cada vez maior a robôs sofisticados através de fornecedores privados de venda de equipamento militar. Aliás, a polícia em Massachusetts e no Havai também testa o Digidog.

Os robôs não letais podem muito bem transformar-se em letais. Estas máquinas podem salvar vidas de polícias, e isso é uma coisa boa. No entanto, também precisamos ter cuidado para não tornar uma força policial mais violenta.

Referiu Patrick Lin, diretor do Grupo de Ética e Ciências Emergentes da Universidade Politécnica da Califórnia.

No incidente do Bronx no mês passado, a polícia usou o Digidog para reunir informações sobre a casa onde dois homens mantinham outros dois como reféns. O robô examinou a área, os esconderijos e cantos estreitos. A polícia acabou por prender os suspeitos, mas os defensores da privacidade levantaram questões sobre as capacidades técnicas do robô e as políticas que regem o seu uso.

A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) questionou a razão do Digidog não estar listado na divulgação de dispositivos de vigilância usados pelo departamento de polícia. Segundo esta entidade, a informação é obrigatória de acordo com uma lei municipal aprovada no ano passado.

O robô só foi mencionado de passagem numa secção sobre “câmaras de consciência situacional”. A ACLU chamou essa divulgação de “altamente inadequada”.

 

Polícia de Nova Iorque responde com “história”

Confrontada com a situação, a força policial respondeu em comunicado referindo que “tem usado robôs desde 1970 para salvar vidas em situações de reféns e incidentes de materiais perigosos. Este modelo de robô está a ser testado para avaliar as suas capacidades em relação a outros modelos em uso pela Unidade de Serviço de Emergência e Esquadrão de Bombas.”

Num comunicado, o CEO da Boston Dynamics, Robert Playter, disse que os termos de serviço da empresa proíbem a instalação de armas nos seus robôs.

Todos os nossos compradores, sem exceção, devem concordar que o Spot não será usado como uma arma ou configurado para segurar uma arma. Como indústria, acreditamos que os robôs atingirão viabilidade comercial de longo prazo apenas se as pessoas virem os robôs como ferramentas úteis e benéficas, sem se preocupar se eles vão causar danos.

Explicou Playter.

A resposta local ao uso do Digidog foi mista, disse o vereador Kevin Riley, que representa o bairro do Bronx onde ocorreu o incidente. Alguns residentes opuseram-se ao uso do robô pela polícia e outros queriam uma presença policial mais humana. Um terceiro grupo achou que os robôs poderiam ajudar a prevenir a má conduta policial, criando distância entre os polícias e os suspeitos.

Assim, este tema poderá levantar sérias questões face à utilização destas máquinas como uma ferramenta policial. Isto porque se teme que a democratização destes equipamentos esteja a transformar a polícia doméstica numa força militarizada.

 

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