Muito para lá do que é ou não legítimo na campanha eleitoral, para lá de ser o candidato A ou B, a realidade diz-nos que vale tudo para atingir os fins. Tivemos essa perceção com o Brexit, depois com a eleição de Donald Trump e agora com a escolha do futuro presidente do Brasil. As fake news estão a tornar-se numa epidemia e a tirar crédito à seriedade dos factos.
Depois do mundo, em geral, ter feito eco sobre a utilização do WhatsApp para propagar notícias falsas, na campanha presidencial no Brasil, o Facebook encerrou 68 páginas e 43 contas ligadas a Bolsonaro.
Fake news, o Spam da atualidade
Segundo as informações da gigante das redes sociais, o encerramento destas páginas e contas acontecem porque violavam a política de autenticação do Facebook.
Como parte dos nossos esforços contínuos para proteger a nossa comunidade e a plataforma contra o abuso, o Facebook removeu 68 páginas e 43 contas associadas ao grupo brasileiro Raposo Fernandes Associados (FRG), devido a violações da nossa política de autenticação e de e-mails indesejados.
Esclareceu a rede social num comunicado divulgado esta segunda-feira.
Esta informação mais acérrima partiu de uma investigação do jornal Folha de São Paulo que revelou, há dez dias, existirem páginas e contas controladas pela RFA, formando uma enorme rede de apoio a Jair Bolsonaro.
O suposto esquema em números
O jornal brasileiro referiu à altura que essas páginas geraram 12,6 milhões de interações – reações, comentários e partilhas, nos 30 dias anteriores à publicação do artigo no jornal, muito mais do que as interações observadas no mesmo período nas contas de celebridades como o jogador de futebol Neymar ou as cantoras POP Anitta e Madonna.
Estas eleições ficam marcadas por uma estratégia de politizar as redes sociais, de fazer campanha usando a Internet e estas ferramentas parecem estar a desempenhar um papel fundamental na ascensão de Bolsonaro na corrida presidencial, que se encontra bem colocado para vencer Fernando Haddad.
Vários analistas políticos têm apontado isso mesmo, que Jair Bolsonaro fez quase toda a sua campanha através do Facebook, Twitter e Instagram, onde tem 14 milhões de seguidores, contra 2,8 milhões de Haddad.
O povo é quem mais ordena ou será o WhatsApp?
O Brasil parece estar a voltar à direita, dada a vantagem de Bolsonaro. A campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais de 28 de outubro no Brasil está a chegar ao fim, mas é nítida a confusão que se tem gerado, ao ponto de se registar a abertura de várias investigações contra empresas que supostamente criaram ilegalmente mensagens difamatórias que foram disseminadas pela plataforma Whatsapp. Este problema, contudo, parece ser dos dois lados desta barricada!
Não há anonimato na Internet…
Estas práticas de “manipulação do eleitorado” levaram já a que vários membros do governo e a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a juíza Rosa Weber, apontassem o dano à “fiabilidade do sistema eleitoral brasileiro” e, comprometeram-se a investigar “as notícias falsas”.
Temos tecnologia, recursos humanos e capacidade para chegar até eles. Aqui ou em qualquer local do mundo. A Polícia Federal encara com seriedade toda e qualquer denúncia.
Esta “guerra” digital parece estar a ter mais protagonismo que as ideias debatidas pelos candidatos, mas domingo o povo usará a sua arma para escolher quem querem à frente dos desígnios do país. Mais que uma questão política, o interesse do mundo atual é perceber se os meios tecnológicos, neste caso as redes sociais, conseguem manipular, desinformar e contrariar as regras tradicionais.