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Facebook pagou a adolescentes para instalar VPN que recolhia os seus dados

A rede social de Mark Zuckerberg passou por um dos seus piores anos em 2018 e o novo ano também não está a começar da melhor forma. De acordo com uma investigação, o Facebook fez o impensável.

Sentindo o amargo clamor do desespero, o Facebook pagou, em segredo e a vários utilizadores, para que estes utilizassem uma VPN da sua conceção. O objetivo último? A recolha dos seus dados pessoais.


Uma VPN (Virtual Private Network) ou Rede Privada Virtual em português, é, por via da regra, um canal de comunicação seguro. Temática que já foi amplamente abordada aqui, no Pplware.

Foi descoberto um novo esquema de recolha de dados

Infelizmente, a app “Facebook Research” acabava por fornecer à rede social todos os dados do utilizador, bem como a sua atividade online. Informação que a empresa recolhia para continuar um passo à frente da concorrência.

Foi o álibi perfeito. Veja-se que, por norma, uma VPN é um serviço que protege os nossos dados e informações, sobretudo quando estamos fora do nosso ambiente de confiança, a nossa esfera protegida.

A VPN que opera um escrutínio dos dados

Assim, no seguimento da aplicação Onavo Protect que a Apple acabaria por banir da sua loja de apps em junho de 2018, a VPN “Facebook Research” estava a recolher os dados dos utilizadores. Uma prática que, de acordo com a fonte, já se perpetrava há vários anos.

Contornando o “fim” da Onavo, a rede social passou a pagar a adultos e adolescentes para instalarem a sua nova VPN. Em seguida, pediria também o acesso à raiz de toda a rede virtual em utilização.

Tendo recebido todas as permissões, a Facebook Research revertia a encriptação e analisava toda a atividade efetuada no dispositivo móvel em questão. O Facebook, entretanto, já admitiu esta prática.

Em causa está a aplicação Facebook Research

Em vigor desde 2016, este programa tem como alvo a faixa etária entre os 13 a 35 anos. Apesar de os utilizadores com idades compreendidas entre os 13 a 17 anos terem que submeter um atestado de aprovação parental, estamos, portanto, a contemplar aqui um público bastante jovem e mesmo menor de idade.

A remuneração mensal de 20 dólares, paga pela rede social, era também estimulada com os programas de afiliados em que os utilizadores recebiam comissões (à percentagem) por instalar a aplicação Facebook Research para dispositivos Android e/ou iOS.

Os utilizadores visados têm entre 13 a 35 anos

Os utilizadores estavam a vender os seus dados e privacidade a troco de 20 dólares, cerca de 17 euros à atual taxa de conversão. Mais ainda, o serviço chegava a pedir capturas de ecrã do histórico de compras e atividade na Amazon.

Todo este programa de recolha de dados estava a ser administrado por serviços de testes e versões Beta. Empresas como a Applause, a BetaBound, bem como a uTest são as “testas de ferro” utilizadas. Isto para que a rede social não seja diretamente envolvida.

Apesar dos esforços da rede social para manter tudo isto em segredo, foram encontradas provas irrefutáveis e documentação detalhada. Segundo consta, o nome do programa é “Project Atlas”, um esforço global de recolha de dados.

Entretanto, o Facebook já admitiu esta prática, tendo afirmado que encerrará o serviço na App Store. Por outras, removerá a aplicação Facebook Research da loja de conteúdos para iOS, ainda que a Apple não se tenha pronunciado.

A mesma manter-se-á em funções na Google Play Store, a loja oficial de conteúdos e aplicações para Android.

As especificidades do caso

Provando a extensão a que o Facebook está disposto a ir, de acordo com um perito inquirido pela fonte, a rede social não deixava nada ao acaso.

Estava a recolher as mensagens privadas que o utilizador enviava através das redes sociais. As mensagens enviadas através de serviços de comunicação e mensagens instantâneas, incluindo aqui fotografias, vídeos e outros anexos.

Os e-mails enviados, as pesquisas nos motores de busca, o histórico de navegação na web. Por fim, a localização do utilizador era vigiada ao aceder a qualquer aplicação que tivesse permissões para registar a localização do mesmo.

Em suma, esta aplicação, tendo a permissão do utilizador, aplicava um escrutínio detalhado de tudo o que alguém fazia no seu dispositivo móvel. Tudo o que entrava, tudo o que saía e tudo o que estava no equipamento.

Assim que a aplicação “Facebook Research” era instalada no terminal, o acesso às informações era virtualmente ilimitado. Aqui, a rede social não especificou quais as informações de que estava à procura.

Isentando-me de fazer qualquer comentário ao caso, isto mostra-nos o que o Facebook é capaz de fazer para assegurar a sua posição de dominância. A informação é poder e esta rede social já se mostrou extremamente sedenta por este.

A rede social continua faminta pelas nossas informações

O Facebook volta a estar no centro da polémica e, mais uma vez, pelas mesmas razões. A privacidade, ou a ausência desta, já lhe valeu duras críticas pela voz de Tim Cook e pela comunidade internacional.

Com a rede social de Mark Zuckerberg a perder utilizadores para serviços rivais, é natural que este queira saber o que a concorrência está a fazer. Já no passado, com a Onavo, chegou a vigiar o então rival WhatsApp antes de optar pela sua aquisição.

Agora, perante o crescimento de plataformas rivais, o Facebook quer perceber o que está a motivar esta tendência. Um tendência particularmente notória entre os mais jovens que estão a adotar serviços como o SnapChat e YouTube ou até mesmo o TikTok.

Esta recolha de dados tem um nome – projeto Atlas

Em consequência direta da exposição deste programa de recolha de dados, o Facebook já deu a saber que ia fechar esta app. Infelizmente isto não redime as ações da rede social durante os últimos anos.

Certo é que tudo aquilo que já foi recolhido pela rede social não voltará para a esfera privada. Contudo, resta agora saber como é que a Apple reagirá perante uma gravíssima violação das suas regras de conduta.

Aguardamos também por uma tomada de postura dos responsáveis pela Google Play Store e das suas regras.

|Fonte

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