Há uns dias que se tem falado do boicote ocidental contra a Huawei. Isto, porque o governo britânico já anunciou que vai proibir as operadoras do país de comprar novos equipamentos da marca e já pediu para a Huawei remover a sua tecnologia das redes 5G do Reino Unido até 2027.
Assim, ripostando, a China está a ponderar ações contra as empresas Nokia Corporation e a LM Ericsson, se a União Europeia seguir as pisadas do Reino Unido e dos EUA, no caso Huawei.
China (na pior das hipóteses) estabelece quase um ultimato
Sendo a Huawei uma marca chinesa e vendo-se banida do mercado britânico, o Ministério do Comércio da China está a ponderar controlos de exportação. Assim, os produtos das empresas Nokia, da Finlândia, e Ericsson, da Suécia, que estão a ser produzidos na China, seriam impedidos de chegar aos países europeus.
Ao The Wall Street Journal foi dito que Pequim adotaria esta posição perante o pior cenário. Este implicaria a proibição da participação da Huawei nas redes 5G dos estados-membros.
Pequim não está satisfeito com esta rebelião contra a Huawei
O governo britânico permitiu que a Huawei construísse mais de um terço das suas infraestruturas de Internet de nova geração no país. No entanto, o Partido Conservador não recebeu esta medida de bom grado. Isto, porque, para os seus membros, a presença da Huawei no Reino Unido pode facilitar a partilha de dados britânicos com o governo chinês. Assim sendo, vários são os deputados que têm vindo a exigir a proibição da empresa no país.
Apesar da decisão anterior, o governo britânico já exigiu que as empresas de telecomunicações retirem e não adquiram qualquer tipo de equipamento ou componente de redes 5G da Huawei. Esta ação deverá estar plenamente realizada até 2027.
Um relatório do Instituto Nacional de Investigação Económica e Social do Reino Unido alertou para o facto de o PIB do país poder descer até 0,75%. Isto, se esta proibição face à Huawei resultasse num conflito comercial maior entre a China e o Reino Unido. Além do PIB, a ação pode aumentar ainda a inflação e elevar as taxas de juro.
Ademais, o embaixador da China em Londres, Liu Xiaoming, avisou os legisladores britânicos que banir a Huawei das infraestruturas de comunicação do país iria enviar uma “mensagem muito má” às empresas e aos investidores chineses.
Uma União Europeia mais contida
Contrariamente ao Reino Unido, a UE não proibiu a presença da empresa nos seus países. No entanto, emitiu uma panóplia de normas de segurança, no início deste ano, que devem ser aplicadas pelos fornecedores nas suas distribuições das redes 5G.
Ainda que não tenha mencionado especificamente a Huawei em qualquer ponto dessas medidas, a UE ofereceu aos estados-membros uma forma voluntária de limitar a sua presença nas suas redes. Por exemplo, os países devem realizar uma avaliação dos riscos inerentes a cada fornecedor, devem restringir o papel dos fornecedores de alto-risco em componentes de infraestruturas mais vulneráveis e não devem depender de apenas um fornecedor.
Espera-se que, em breve, a UE publique um relatório detalhado sobre a forma como os estados-membros adotaram as medidas, durante o primeiro semestre de 2020.