A Amazon é uma das empresas tecnológicas mais importantes do mundo, tendo uma panóplia de serviços e produtos que surpreendem pela sua abrangência e qualidade. Um desses serviços, o Rekognition, é uma ferramenta desenvolvida para reconhecimento facial.
Segundo documentos recentemente divulgados, a polícia americana está a usar o Rekognition para identificação de cidadãos em tempo real, tendo a Amazon pleno conhecimento do caso.
A Amazon é mais conhecida pelos seus serviços de e-commerce, pelos seus gadgets e pela sua assistente virtual Alexa. Contudo, a sua área de trabalho expande-se bem mais, tendo também o Rekognition, serviço de análises de imagens e vídeos baseado em aprendizagem profunda.
Muito resumidamente, o Amazon Rekognition é um serviço que consiste na disponibilização de uma API que identificará e reconhecerá “objetos” com bastante precisão, nomeadamente pessoas.
Tendo em conta a possibilidade de subscrição deste serviço, alguns departamentos policiais de Orlando e Oregon, nos Estados Unidos da América, estão a usar as capacidades do Rekognition para reconhecimento de cidadãos em tempo real. Esta informação foi divulgada num documento pela ACLU.
Através da base de dados relativa aos cidadãos que as autoridades têm, em conjugação com o Rekognition e câmaras de videovigilância espalhadas pelas ruas, os departamentos policiais estão a realizar reconhecimento em tempo real das pessoas, com bastante precisão.
A Amazon foi questionada sobre a sua colaboração no caso e pela permissão do uso da sua tecnologia para controlo e vigilância dos cidadãos. Nas suas declarações, desvalorizou as questões relativas à privacidade e ressalvou a importância que a tecnologia poderá ter na segurança pública, em situações de crimes ou desaparecimentos.
Our quality of life would be much worse today if we outlawed new technology because some people could choose to abuse the technology.
A ACLU, associação que divulgou o documento que desvenda a ação das autoridades americanas com a Amazon, enviou uma carta aberta à Amazon onde exige a cessação da disponibilização de ferramentas de reconhecimento facial a autoridades policiais e outras entidades governativas.
Mesmo que o uso desta tecnologia seja realizado com o inocente e exclusivo intuito de garantir a segurança da sociedade, a verdade é que este tipo de controlo mais invasivo desencadeia pertinentes questões de privacidade. Até que ponto estará a sociedade disposta a ceder a sua privacidade, os seus dados e identidades, por valores relacionados com patrulhamento e controlo de segurança?
Viver numa sociedade democrática implica confiar no governo e nas entidades que o compõem, mas os cidadãos têm também direito à sua liberdade e privacidade pessoal. É um assunto muito controverso e episódios como este, da Cambridge Analytica, entre muitos outros, levam a um olhar mais atento e ponderado por parte dos utilizadores e dos próprios governos, como o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados.
Qual a sua opinião sobre esta temática? É preferível abdicar de alguma liberdade e privacidade em prol de maior segurança e vigilância? Serão estes pequenos movimentos um prelúdio do tão badalado Big Brother? Deixe a sua opinião nos comentários!