A Rússia está a pressionar novamente a Google, desta vez com base nos protestos e divulgação dos mesmos através da sua plataforma de vídeos, o YouTube. Em boa verdade, estamos a assistir a um escalar da tentativa de interferência russa no seio da empresa norte-americana, acusada de divulgar vários protestos.
Agora, damos conta da carta enviada pela autoridade russa, Roskomnadzor à Google.
O documento versa sobre várias facetas da atividade da empresa norte-americana, mas foca-se, todavia, num ponto em particular. De acordo com a esta entidade da Rússia, o YouTube está a ser utilizado para promover “protestos ilegais”. Posto isto, o órgão russo insta a Google a que ponha termo a essa prática.
A Rússia insta a Google a “moderar” o YouTube
“Eventos de massas ilegais”. Ou, por outras palavras, protestos que são transmitidos e ganham audiência através do YouTube. De igual modo, a entidade russa mostra-se insatisfeita com o facto de alguns canais estarem a usar as notificações para alertar o público, dando-lhes conta das ocorrências do momento.
Ao mesmo tempo, o órgão russo desaprova a forma como o YouTube está a ser utilizado para dar audiência aos “dissidentes”. Isto é, a exposição em vídeo, sejam transmissões em direto, ou reportagens, em torno dos protestos recentes em Moscovo. Aí, onde recentemente os membros da oposição foram “removidos”.
De acordo com a Reuters, a Rússia não quer que a Google dê tempo de antena aos “protestos ilegais”. Algo que se traduz nas manifestações públicas da oposição política perante o aproximar das próximas eleições. Sobretudo com vários canais de YouTube a fazerem livestream desses protestos, tal não agradou à Rússia.
Protestos ilegais com vista a perturbar as eleições
Esta é a tese avançada pelo órgão russo. Segundo o mesmo, alguns agentes estão a tentar perturbar a paz social e o bom desenvolver das eleições. Fazem-no ao propagar informação através das ferramentas disponibilizadas pela plataforma de vídeos da Google. Algo que se traduz, por exemplo, na divulgação dos protestos de Moscovo.
Já, na eventualidade de a Google não acatar as recomendações, a Rússia endurecerá a sua posição. Mais concretamente, não terá outra hipótese a não ser classificar a Google como “interferência nos assuntos estatais”, ou de “influência hostil (sobre) e obstrução às eleições democráticas na Rússia”.
Caso a Google não tome medidas para coibir a utilização de tais mecanismos, a Rússia reserva para si o direito de atual em conformidade com a ameaça. No entanto, não foram fornecidos detalhes sobre o que seria essa atuação.
O “ultimato” da Rússia à Google
Seja uma ameaça vazia, ou não, torna-se clara a máscara democrática que subjaz a este aperto controlo sobre os media. Algo que tem marcado a agenda política na Rússia nos últimos anos, cada vez com leis mais severas e específicas para moderar, coibir, ou simplesmente controlar o que chega à Internet e redes sociais.
Até ao momento a Google não comentou o caso. Seja qual for o desfecho, não se vislumbra nenhum cenário positivo para a empresa, dividida entre a liberdade de expressão e a possibilidade de perder uma grande base de utilizadores e público.
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