A Google, empresa norte-americana sob a alçada da Alphabet, é a maior plataforma mundial de publicidade, mas nem tudo corre pelo melhor. A gigante está a sentir uma crescente concorrência da Amazon e plataformas rivais e isso já se reflete nos lucros. Há uma nova tendência neste mercado da publicidade.
O público procura plataformas onde se sintam seguros e onde não exista conteúdo potencialmente ofensivo.
A Alphabet, casa-mãe da Google, registou o seu pior trimestre fiscal dos últimos três anos. Por conseguinte, as suas ações cairiam 7,5% no mercado norte-americano assim que o relatório foi publicado. Ao mesmo tempo, cumpre relembrar que 85% das suas receitas provêm da Google, mais concretamente, da publicidade.
A Alphabet sofreu uma queda de 29% nos lucros do 1.º trimestre de 2019
De acordo com Mat Baxter o CEO de uma empresa dedicada à compra e venda de publicidade, tudo isto se deve à plataforma da Amazon. Numa recente entrevista, este empresário do segmento publicitário, afirmou que se está a operar um novo paradigma nesta área. Os clientes estão a investir mais na Amazon, e menos na Google.
Ainda de acordo com o seu testemunho, os clientes procuram uma plataforma que ofereça logo os seus produtos. Ou, pelo menos, que encaminhe diretamente os consumidores até ao local onde possa ser efetuada a compra. Por outras palavras, para que a publicidade se aproxime do momento e local da transação final.
#Alphabet misses earnings estimates, #stock plummets $GOOGL pic.twitter.com/6ZjCPGd9l6
— GC Asset Management (@GCAssets) April 30, 2019
Já para Monica Peart, da agência de pesquisas eMarketer, há outras forças em jogo. “A Amazon está a investir mais na publicidade e a reforçar os seus parceiros. Ao mesmo tempo, aumenta o orçamento dedicado à plataforma de publicidade”. Assim, aumentando a concorrência à plataforma dominante, da Google.
A concorrência à plataforma da Google vem sobretudo da Amazon
A imensa dimensão da Google, que ainda assim registou receitas de 36,3 mil milhões de dólares no primeiro trimestre de 2019, abrandou. Em boa verdade, o lucro caiu 29% neste trimestre face ao período homólogo. Foi o seu pior resultado trimestral dos últimos três anos e a Alphabet sentiu diretamente essa quebra.
Enquanto isso, também o mercado internacional de publicidade digital e economia global terá abandado, ainda de acordo com Monica Peart. Já, por outro lado, a Amazon apoiou o seu segmento e plataforma de publicidade com os segmentos de vendas. Assim, conseguiu crescer neste panorama.
The @Google and @facebook duopoly will bring in about $170 billion in worldwide ad revenues this year. pic.twitter.com/vHJ6hseRXw
— eMarketer (@eMarketer) April 30, 2019
As receitas da Amazon para este trimestre foram de 2,7 mil milhões de dólares gerados pela sua plataforma de publicidade. Continua a ser menos de um décimo dos valores gerados pela atual líder, Google, mas a tendência é de crescimento.
Note-se ainda que a multa aplicada pela União Europeia à Google, por práticas não concorrenciais na sua plataforma Adsense também não ajudou. A multa foi de 1,7 mil milhões de dólares (1,53 mil milhões de euros) e, tal como previsto, teve impacto nos resultados do trimestre.
Enquanto isso, a plataforma de vídeo da Google, o YouTube debateu-se com sérias dificuldades em manter alguns dos principais investidores. Empresas como a operadora AT&T retiraram o seu capital investido em publicidade após ter surgido vário conteúdo impróprio ou não “family friendly” na plataforma.
Já de acordo com a Reuters, a publicidade no motor de busca da Google continua a ser tão onerosa como outrora. Portanto, o Youtube será a principal razão pela qual os lucros da Google, por conseguinte, da Alphabet, caíram tanto durante este trimestre. “Alguns clientes decidiram retrair-se um pouco”.
New record!! Oh…wait. pic.twitter.com/hgmHkV8tK5
— YouTube (@YouTube) December 13, 2018
[15:20] atualização do artigo:
Em síntese, tivemos receitas na ordem dos 36,39 mil milhões de dólares, mas uma queda nos lucros na ordem dos 29 a 30% no primeiro trimestre.