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Teste rápido para a doença de Parkinson está cada vez mais perto da realidade

A doença de Parkinson, assim como outras doenças que envolvem uma perturbação cerebral, é tida por muitos como ingrata. Por ser progressiva e ter impacto na normalidade da vida dos pacientes, os especialistas procuram tratamentos para retardar os efeitos da doença e para resolver os seus sintomas mais críticos.

Pelas investigações que têm sido levadas a cabo, estamos, agora, mais próximos dos testes rápidos para detetar a doença de Parkinson.


Estima-se que cerca de 20 mil portugueses sofram de Parkinson, a par dos sete a dez milhões de indivíduos, por todo o mundo, a sofrer desta doença. Uma perturbação cerebral que resulta da redução dos níveis de uma substância que funciona como um mensageiro químico cerebral nos centros que comandam os movimentos. De forma simples, quando os níveis dessa substância, de nome dopamina, reduzem, as células cerebrais que a produzem morrem.

Atualmente, não existe um teste diagnóstico definitivo para identificar a doença, pelo que diagnóstico é feito com base em avaliações psicológicas, exames físicos e exames de despiste. O tratamento, por sua vez, é igualmente difícil, centrando-se no combate aos sintomas, com fisioterapia e medicamentos.

Ao longo dos anos, muitos foram os especialistas que se dedicaram a estudar a doença, de modo a encontrar soluções para os pacientes, quer para retardar os efeitos da doença, como para a tratar. Embora não tenha um nome que seja familiar no mundo da ciência e da medicina, Joy Milne tem sido fundamental na conceção de um teste que nos poderia ajudar, no futuro, a detetar a doença de Parkinson muito mais cedo do que é, atualmente, possível.

Escocesa, reformada e com 72 anos, Milne possui uma habilidade muito específica, mas que tem representado uma grande ajuda no processo de conceção do novo teste: um olfato superdesenvolvido.

 

Teste rápido para deteção de Parkinson testado com sucesso

Um grupo de investigadores britânicos fez progressos no desenvolvimento de um teste rápido para a deteção da doença de Parkinson. O teste não invasivo, baseado na análise do sebo que libertamos através da nossa pele, demora apenas três minutos, e implica a recolha de uma amostra das secreções cutâneas do paciente. Depois, a amostra recolhida é analisada por espectrometria de massa.

O sebo é transferido para um pedaço de papel (…), adicionamos uma gota de solvente, aplicamos uma voltagem e esta transfere os compostos do sebo para o espectrómetro de massa. Quando o fazemos, encontramos mais de 4.000 compostos únicos, dos quais 500 são diferentes entre os doentes de Parkinson, em comparação com os participantes de controlo.

Explicou Depanjan Sarkar, num comunicado de imprensa.

Joy Milne, escocesa de 72 anos que possui um olfato superdesenvolvido

O teste rápido foi posto à prova numa experiência que envolveu 150 participantes, um grupo com 79 doentes de Parkinson, e um grupo de controlo com 71 elementos. Os resultados dos primeiros ensaios foram positivos e foram publicados sob a forma de um artigo no Journal of the American Chemical Society.

Por haver ainda muitos ensaios até que estes primeiros resultados positivos sejam validados, e de modo a continuar o desenvolvimento do teste rápido, a equipa, juntamente com a University of Manchester, lançou uma empresa.

 

Uma escocesa com olfato inacreditável

O sucesso dos testes deste novo método de deteção rápida não teria sido possível sem o contributo de Joy Milne, que possui uma hiperosmia hereditária, que lhe confere um olfato especialmente desenvolvido. A escocesa percebeu que foi capaz de identificar nuances no cheiro de pessoas com doença de Parkinson, após o diagnóstico do seu marido.

Devido a esta circunstância, Milne e o resto da equipa foram capazes de desenvolver uma nova técnica de diagnóstico, depois de adaptarem uma capacidade inata a um teste a ser realizado num laboratório.

Embora ainda estejamos longe de uma cura para a doença de Parkinson, conseguir um sistema de diagnóstico fiável é mais um passo importante.

 

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