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Terra sofreu uma alteração perturbadora que afetou o seu delicado equilíbrio energético

O nosso planeta, repleto de vida, é único entre todos os que temos sido capazes de explorar no Universo até agora. Desde a nossa inclinação axial, que impede demasiados extremos de temperatura, até à nossa posição da zona habitável da nossa estrela, a vida na Terra depende de muitos ciclos que, finamente equilibrados e entrelaçados, permitiram na sua união produzir as circunstâncias exatas de que precisamos para prosperar. Segundo os cientistas, houve uma alteração perturbadora num desses ciclos.

O ciclo delicado que foi afetado tem a ver com o sistema energético da Terra, as entradas e saídas da energia recebida do Sol.


O tempo está a mudar… o meu joelho não mente!

Temos assistido, nas últimas décadas, a alterações na temperatura do planeta e noutros indicadores climáticos. Fala-se em poluição, mas haverá muito mais por trás destas mudanças que afetam a vida aqui nesta canto do universo.

Em causa estará então o ciclo energético que dita todos os sistemas climáticos planetários. Em Marte, pensa-se que a mudança sazonal no desequilíbrio energético foi cerca de 15,3% entre as estações do planeta vermelho, em comparação com 0,4% na Terra. Esta alteração em Marte causa as infames tempestades de poeira marcianas.

Segundo o que é reportado pelos cientistas, durante algum tempo, antes da década de 1750, este ciclo energético flutuante na Terra era relativamente equilibrado. Contudo, criámos agora um desequilíbrio que duplicou recentemente em apenas 15 anos.

O desequilíbrio energético líquido é calculado analisando quanto calor é absorvido vindo do Sol e quanto é capaz de irradiar de volta para o espaço.

Ainda não é possível medir diretamente o desequilíbrio, a única forma prática de o estimar é através de um inventário das alterações na energia.

Explicou o cientista atmosférico Kevin Trenberth do Centro Nacional de Investigação Atmosférica.

 

Albedo ou coeficiente de reflexão está a mudar e isso… não é nada bom!

Trenberth e o físico atmosférico Lijing Cheng, da Academia Chinesa de Ciências, reviram dados de todos os componentes do sistema climático: terra, gelo, oceano e atmosfera entre 2000 e 2019, para realizar um inventário destas alterações.

A atmosfera terrestre reflete quase um quarto da energia que a atinge, ao contrário do que acontece na Lua, que absorve o impacto total da energia do Sol, levando a temperaturas de superfície de cerca de 100 °C. A maior parte desta energia é então absorvida pela Lua e irradiada de volta para o espaço como radiação térmica infravermelha, mais vulgarmente conhecida como calor.

Sim, claro que o que faz toda a diferença entre a Terra e a Lua é a nossa atmosfera. Algumas moléculas na nossa atmosfera captam este calor antes de alcançarem o espaço e continuam a agarrar-se a ele. Infelizmente para nós, estes são os gases com efeito de estufa, que agora envolveram efetivamente o planeta num cobertor demasiado sujo no topo da atmosfera.

Conforme explicam os cientistas no seu trabalho, esta energia extra retida não só muda o local onde acaba, mas também tem impacto no seu ambiente no caminho para o destino.

O aumento da temperatura no planeta tem impactos diferenciados

O aumento da temperatura no nosso planeta tem sido tema de muitos debates e tentativas de explicação. Contudo, este aumento é apenas um produto desta energia extra. Apenas 4% desta energia vai para o aumento da temperatura da Terra e outros 3% vão para o degelo.

Quase 93% são absorvidos pelo oceano e já estamos a testemunhar as consequências desagradáveis. Embora menos de 1% do excesso de energia circule em torno da nossa atmosfera, é suficiente para aumentar diretamente a gravidade e frequência de eventos climáticos extremos, desde secas a inundações.

No entanto, o aumento da turbulência atmosférica também pode ser útil.

Estes eventos meteorológicos movem a energia e ajudam o sistema climático a livrar-se da energia irradiando-a para o espaço.

Explicam os investigadores.

As nuvens e o gelo também ajudam a refletir a radiação solar antes que esta se torne calor de ondas longas que os gases capturam. Mas tanto as nuvens refletoras como o gelo estão a ser reduzidos por perturbações neste ciclo energético.

Nestes dados todos já conseguidos, ainda há demasiada informação em falta para um modelo de sistema Terra abrangente que prevê com precisão resultados específicos para além do curto prazo. Mas, o tempo está a mudar e de que maneira!

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