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Telescópio James Webb descobre anéis de água gelada à volta de um asteroide

Recorrendo à manipulada frase famosa de Forrest Gump, o Universo é como uma caixa de chocolates, nunca se sabe o que se vai encontrar. Neste caso, apontando o Telescópio Espacial James Webb, descobriram-se anéis de água gelada ao redor do asteroide Chariklo.

Os cientistas da NASA usaram um feito observacional de alta precisão para captar as sombras da luz das estrelas lançadas pelos anéis finos do asteroide.


10199 Chariklo, descoberto no dia 15 de fevereiro de 1997, foi o primeiro asteroide encontrado a ter um sistema de anéis. Foi o quinto sistema de anéis encontrado no nosso sistema solar – depois de Saturno, Júpiter, Úrano e Neptuno.

Com um diâmetro de cerca de 302 quilómetros, Chariklo é o maior membro de uma classe de asteroides conhecida como Centauros. Esta rocha orbita entre Saturno e Úrano no sistema solar exterior.

 

James Webb oferece outro patamar de estudos espaciais

O feito foi possível graças ao instrumento Near-Infrared Camera (NIRCam) do James Webb. A descoberta suportou-se num fenómeno chamado ocultação, que é quando um corpo celeste passa à frente de uma estrela e bloqueia a sua luz.

O destaque desta observação é o Chariklo e os seus anéis. Conforme referido anteriormente, este é o maior asteroide centauro do Sistema Solar, localizado a mais de três mil milhões de km de distância além da órbita de Saturno. O seu tamanho é de cerca de 250 quilómetros de diâmetro.

Ao passar pela estrela Gaia DR3 6873519665992128512 e com o fenómeno de ocultação a ocorrer, os anéis que orbitam a Chariklo revelaram ser compostos de pequenas partículas de gelo de água misturadas com material escuro, que são prováveis detritos de um corpo gelado que colidiu com o asteroide no passado.

Estes anéis são muito finos e ficam a uma distância de cerca de 400 km do centro do corpo. A descoberta foi feita por Pablo Santos-Sanz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia em Granada, na Espanha.

À medida que nos aprofundamos nos dados, exploraremos se resolvemos de forma limpa os dois anéis. A partir das formas das curvas de luz de ocultação dos anéis, também exploraremos a espessura dos anéis, os tamanhos e cores das partículas e muito mais. Esperamos obter informações sobre por que este pequeno corpo tem anéis e, talvez, detetar novos anéis mais fracos.

Disse Santos-Sanz.

Serão de facto asteroides?

Estes corpos são categorizados como asteroides, mas, enquanto a maioria dos asteroides se encontra no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter – mais perto do Sol – os Centauros podem ter vindo do Cintura de Kuiper, descrita como sendo um disco circunstelar no Sistema Solar exterior, que se estende desde a órbita de Neptuno a 30 unidades astronómicas (UA) até aproximadamente 50 UA do Sol.

Os centauros têm órbitas instáveis que atravessam a órbita dos planetas gigantes. A órbita de Chariklo olha para a de Úrano. Como as suas órbitas são frequentemente perturbadas, espera-se que Centauros como Chariklo só permaneçam nas suas órbitas durante milhões de anos, em contraste com a nossa Terra e os outros grandes planetas que orbitam há milhares de milhões de anos em torno do nosso Sol.

A nova visualização por computador sugere que a densidade das partículas do anel de Chariklo deve ser inferior à metade da densidade do próprio Chariklo. E mostram um padrão em riscas que se forma no anel interior devido às interações entre as partículas. Utilizam o termo “auto-gravidade desperta” para este padrão.

Portanto, o que vemos com Chariklo e o seu sistema de anéis é provavelmente uma situação muito temporária e dinâmica. As coisas no espaço tendem a acontecer em escalas de tempo muito mais longas do que nós, humanos, estamos acostumados, mas às vezes as coisas acontecem em escalas de tempo humanas. Os anéis de Chariklo podem ser um exemplo!

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