O Sol é cada vez mais estudado e entendido. Assim, alguns comportamentos começam a ser previstos, como forma de defesa. Nesse sentido, os cientistas alertam para um cenário em que o nosso velho e tranquilo Sol possa largar super-erupções, como estrelas jovens, e causar danos severos nos satélites e nas redes elétricas da Terra. No entanto, este comportamento só acontece uma vez a cada mil anos.
Segundo os investigadores da NASA, estas super-erupções podem trazer uma potência arrebatadora.
Sol pode lançar uma “bomba” contra a Terra
Nas margens da Via-Láctea, são produzidos alguns dos espetáculos pirotécnicos mais brilhantes da galáxia.
Algumas estrelas jovens e ativas, por razões que os cientistas ainda não entendem, lançam espetaculares explosões de energia que podem ser vistas a centenas de anos-luz de distância. Segundo os cientistas, estes eventos são chamados de super-erupções e têm uma potência arrebatadora, da ordem de centenas a milhares de vezes maior do que a maior já registada com instrumentos modernos na Terra.
Até recentemente, os investigadores entendiam que estas explosões não poderiam acontecer no nosso antigo e tranquilo Sol. No entanto, mesmo sendo uma estrela idosa, ainda tem tanta força que se desconhece o real poder da mesma.
Segundo um novo estudo, publicado na revista “The Astrophysical Journal”, com dados de diferentes telescópios, o Sol também tem a capacidade de causar grandes erupções. No entanto, a capacidade para isso será uma vez a cada poucos milhares de anos.
As labaredas solares são flashes brilhantes de luz, frequentemente acompanhados pela libertação de plasma, que vêm da superfície de uma estrela e são uma ocorrência comum no Sol.
Se o Sol emitisse uma super-erupção, a explosão resultante de radiação de alta energia atingindo a Terra prejudicaria a eletrónica em todo o mundo, causando apagões generalizados até mesmo nos satélites de comunicação de curto alcance em órbita.
Yuta Notsu, investigador da Universidade da Califórnia em Boulder é o principal autor do estudo, revelado na reunião anual da American Astronomical Society em St. Louis, EUA.
O Nosso estudo mostra que super-erupções são eventos raros.
Disse Notsu.
Contudo, o físico refere que existe alguma possibilidade de que possamos experimentá-lo nos próximos 100 anos.
Sonda Kepler viu uma super-erupção
Os cientistas descobriram este fenómeno pela primeira vez graças ao Telescópio Espacial Kepler. A nave da NASA, lançada em 2009, procura planetas que giram em torno de estrelas distantes da Terra. Contudo, a observatório também encontrou algo estranho: às vezes, a luz das estrelas distantes parecia momentaneamente mais brilhante. Os investigadores chamaram a estas enormes rajadas de energia “super-erupções”.
Como Notsu explica, as explosões de tamanho normal são comuns no Sol. Mas o que os dados do Kepler mostraram foi além delas milhares de vezes. E isso colocava uma questão óbvia: uma super-erupção poderia ocorrer também no nosso próprio Sol?
Quando o nosso Sol era jovem, era muito ativo porque girava muito rápido e provavelmente gerava chamas mais poderosas. No entanto, não sabemos se existem grandes labaredas no Sol moderno com uma frequência muito baixa.
Explicou o investigador.
Questões de idade
Para descobrir, Notsu e uma equipa internacional de investigadores voltaram-se para os dados da nave espacial Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) e para o Apache Point Observatory, no Novo México. Durante uma série de estudos, o grupo usou estes instrumentos para definir uma lista de super-erupções que vieram de 43 estrelas que pareciam o nosso Sol. Em seguida, os investigadores colocaram estes eventos raros à análise estatística rigorosa.
A conclusão: a idade é importante. De acordo com os cálculos da equipa, as estrelas mais jovens tendem a produzir o maior número de super-bombas. Mas as estrelas mais antigas, como o nosso Sol, agora com respeitáveis 4,6 mil milhões de anos, também dão as delas.
Estrelas jovens têm super-chamas uma vez por semana. O Sol faz isso uma vez a cada poucos milhares de anos em média.
Diz Notsu.
Notsu está convencido de que este grande evento acontecerá, embora ele não possa dizer quando. No entanto, isso poderia dar-nos tempo para nos preparar, protegendo a eletrónica no solo e em órbita da radiação no espaço.
Se uma super-chama ocorreu há 1000 anos, provavelmente não foi um grande problema. As pessoas poderiam ter visto um grande amanhecer. Agora, é um problema muito maior por causa da nossa eletrónica.
Concluiu o cientista.